No meio de uma crise ética provocada pelo uso indevido de passagens aéreas destinadas ao trabalho dos parlamentares, a Câmara dos Deputados já tem um novo problema para administrar. Sem conseguir colocar em votação um projeto de sua autoria estabelecendo mudanças tributárias, o deputado José Edmar (PR-DF) decidiu reagir de forma inusitada. Como protesto pela situação, iniciou na segunda-feira uma greve de fome dentro do plenário da Câmara. Durante a noite, ele dormiu numa sala anexa ao plenário, mas retornou ao local de votações da Casa em pleno feriado do dia de Tiradentes.

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“O estômago já começou a roncar e a cabeça está doendo um pouco. Mas vou manter a greve até onde aguentar”, disse Edmar ao Estado, afirmando ter escolhido propositadamente o feriado de Tiradentes para iniciar seu protesto. “Ele foi o primeiro que reclamou contra a cobrança exagerada de impostos”, afirma.

Edmar acredita que somente mudanças radicais na tributação do País poderão produzir medidas que impeçam demissão e “o sofrimento do povo”. Por isso, decidiu radicalizar e iniciar a greve.

“Não vejo outro jeito, senão um gesto de solidariedade com as milhares de pessoas que sofrem com o desemprego e também com os funcionários públicos que não têm aumento e sofrem uma carga tributária maldita”, explicou o deputado numa carta aberta.

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O projeto que Edmar deseja ver discutido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara prevê a substituição do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) por um novo tributo, que batizou como Imposto Único Federal (IUF). Pela proposta, o novo imposto teria uma alíquota de 2%, sendo 1% no crédito e 1% no débito.

O deputado tem uma trajetória polêmica. Em 2003, chegou a ser preso pela Polícia Federal acusado de supostamente participar da venda irregular de terras. Edmar diz que as acusações que sofreu são injustas.

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“Há seis anos vivo com uma espada na minha cabeça, sou inocente, mas o povo não sabe disso. O Judiciário não se pronuncia quanto à minha culpabilidade ou inocência, me deixando em sofrimento e angústia à espera de uma resposta a todas as acusações injustas que sofri e ainda sofro. O inquérito não segue e nem tem como seguir, pois eu não faço parte de nenhuma quadrilha, não pratiquei nenhum crime e não há provas conta mim”, alega.