Deputado distrital renuncia ao mandato no DF

A carta de renúncia do deputado distrital Júnior Brunelli (PSC) foi lida, nesta tarde, no plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal, pela colega deputada Jaqueline Roriz (PMN). Ao deixar o cargo, Brunelli evita correr o risco de perder os direitos políticos, uma vez que era alvo, na Câmara Legislativa, de processo por quebra de decoro. Ao final do processo, além de ter o mandato cassado, ele poderia ter a inelegibilidade decretada. Ao renunciar, o processo é arquivado.

Na carta, Brunelli faz um longo relato sobre seu trabalho parlamentar, dá ênfase à defesa que fez da população evangélica de Brasília, e, antes de comunicar a renúncia, afirma que foi “vítima de conspiração política”. Júnior Brunelli é, segundo inquérito policial, um dos beneficiários do esquema de corrupção local, que seria comandado pelo governador licenciado, José Roberto Arruda (ex-DEM), preso pela Polícia Federal por obstrução das investigações.

Em menos de uma semana, este é o segundo deputado distrital que renuncia ao cargo. Na última sexta-feira, foi Leonardo Prudente, ex-presidente da Câmara Legislativa, quem deixou o mandato.

Leonardo Prudente e Júnior Brunelli são símbolos do esquema de corrupção descoberto no governo do Distrito Federal. Ambos protagonizam vídeo, anexado ao inquérito da Operação Caixa de Pandora, no qual rezam pela vida do ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, principal testemunha da investigação, que executava a função de distribuir entre assessores, secretários de governo e deputados distritais o dinheiro ilegal. Prudente aparece ainda em outra gravação, na qual recebe maços de dinheiro de suposta propina e os guarda nos bolsos das calças e até nas meias.

Prática comum

Brunelli afirma, na carta de renúncia, que os vídeos da Operação Caixa de Pandora foram “montados ao sabor dos poderosos de plantão” e tinham como objetivo “desestabilizar” o trabalho dele. De acordo com o deputado, o dinheiro que recebe no vídeo foi destinado para “eventos de campanha”. “Isto é uma prática comum dos partidos políticos brasileiros”, afirma.

“A chamada oração da propina, largamente divulgada, não passou de uma manipulação grosseira. Acontece que os meios de comunicação não preocupam com a verdade”, afirma ele, para dizer que, ao fugir do processo disciplinar na Câmara, evitará “o julgamento político previamente decidido”.

Na semana passada, a Câmara Legislativa abriu processo disciplinar contra Brunelli, Prudente e ainda contra a deputada Eurides Brito (PMDB), que, também em vídeo, guarda maços de dinheiro da suposta propina na bolsa. Apesar de ter confidenciado, nos bastidores, que poderia renunciar, recentemente ela tem divulgado reiteradas notas à imprensa negando que vá deixar o cargo.