O deputado estadual Roque Barbiere (PTB), citado na Operação Fratelli – investigação do Ministério Público sobre desvios de verbas públicas na região de São José do Rio Preto (SP) -, admitiu que recebeu em seu gabinete, na Assembleia Legislativa, o empresário Olívio Scamatti, dono da empreiteira Demop, preso anteontem. Ele, contudo, negou taxativamente que tenha recebido propina para ajudar na conclusão de uma obra em Birigui (SP).

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“O único contato que eu tive com esse povo aí da Demop foi na mudança do governo estadual. O José Serra (PSDB) havia autorizado um obra no perímetro urbano de Birigui, uma estrada de oito quilômetros e meio. Quando ele deixou o governo, faltava concluir a obra, mas o Geraldo (Alckmin) entrou e mandou revisar todos os contratos, aquelas coisas quando muda governo. Os empresários ficaram preocupados e me procuraram.”

A obra custou cerca de R$ 70 milhões aos cofres públicos. “É a coisa mais linda que se pode imaginar, a obra mais importante da história de Birigui”, disse Barbiere.

A Operação Fratelli – desdobramento da Operação do Dia Nacional de Combate à Corrupção, que alcançou 14 Estados e levou 92 suspeitos para a prisão – monitorou Olívio e outros empresários do interior paulista.

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O deputado Barbiere caiu no grampo indiretamente, conversando com os empresários sob suspeita. “Aparentemente, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) dizia que não ia concluir a obra. Essa empresa, a Demop, me procurou dizendo que o governo ia paralisar as obras.” “Fui atrás do Saulo (de Castro Abreu, secretário dos Transportes do Estado) para que concluíssem os trabalhos. Foi aí que tive contato com esse pessoal, a Demop e uma outra empresa do Paraná cujo nome não me recordo. A obra foi feita a meu pedido. O interlocutor político era eu.”

Barbiere disse que recebeu Olívio “duas ou três vezes” em seu gabinete. “Corri atrás do complemento da obra. Olívio e os empresários do Paraná me procuraram, sabiam que eu tinha arrumado a obra para a cidade. Eu era o pai político da obra.”

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Legislativo. O presidente da Assembleia, Samuel Moreira (PSDB), afirmou, em nota, que “até o momento não há elementos que justifiquem medidas” por parte do Legislativo em relação a Barbiere e ao deputado Itamar Borges (PMDB), que também caiu nos grampos. Ele prometeu arrumar um convênio para Olívio Scamatti.

“As investigações estão na fase inicial e vêm sendo conduzidas pelas autoridades competentes”, sustentou Moreira, que disse acompanhar “com atenção o desenrolar dessas apurações”.

Promotoria. Há um ano e meio parada no Ministério Público estadual, a investigação sobre a denúncia feita por Barbiere em 2011 sobre venda de emendas parlamentares deve ser retomada no fim do mês. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.