A deputada petista esteve ontem em Curitiba. |
A deputada federal Luciana Genro (PT-RS) esteve ontem em Curitiba para participar do debate sobre a reforma da Previdência, promovido pelo Fórum Paranaense de Luta em Defesa da Previdência e Seguridade Social. A deputada, que votou contra a reforma, ainda acredita que ela pode ser alterada na Câmara Federal. “Vamos intensificar a mobilização dos servidores e fazer pressão. Se os deputados que se abstiveram na primeira votação tiverem coragem de votar contra, teremos uma fissura na base do governo, dando forças para o Senado”, opinou.
Para ela, não há apenas um ponto específico que desagrade os servidores. “Não há um ponto isolado que se modificado mudaria o nosso voto. Queremos a derrota do projeto, mas em último caso queremos diminuir os prejuízos aos servidores”, explicou. “A reforma da previdência deveria começar desfazendo as maldades feitas no governo Fernando Henrique (PSDB).” Além de Luciana Genro, João Batista de Araújo (Babá) e João Fontes também votaram contrários à reforma.
“A reforma tem um viés fiscalista e privatista. Fiscalista porque o governo tira do servidor não para dar ao aposentado e sim para fazer caixa para pagar os juros da dívida; e privatista porque os fundos de pensão jogam os aposentados nos riscos do mercado, sujeitos às suas oscilações”, afirmou Luciana. “O governo começou pela reforma errada, deveria ter começado pela reforma agrária, porque ela atinge o pobre da cidade e do campo.”
Segundo ela, devido a sua recusa em votar favorável ao projeto do governo, a probabilidade em ser expulsa do partido é grande. “A fase de pressão passou, porque o governo percebeu que não adianta pressionar. Tenho princípios firmes, sou petista desde os quatorze anos e me sinto disciplinada ao partido que construi. Mas a expulsão continua dentro de questão. O Lula e o José Genoíno são categóricos na intenção de expulsar os radicais”, contou. De acordo com a deputada, a saída dos radicais serviria para acalmar o mercado. “O governo precisa dar mais esta satisfação para agradar o mercado”, definiu. A deputada garantiu que irá lutar contra sua expulsão. “Não vou sair do PT, e estou batalhando contra o processo de expulsão. Sinto-me mais petista que a cúpula do governo”.
Para Luciana as atitudes do governo Lula não condizem com a história do PT. “Nosso compromisso histórico é com a classe trabalhadora. O governo pode até tentar convencer as pessoas de que esta é uma fase de transição, e que o PT irá honrar seus compromissos. Mas isso é uma falácia. O governo escolheu contrariar os interesses de sua base social histórica. Não acredito que ele vai mudar porque a essência da política econômica será mantida.” Segundo ela as atitudes do governo revelam um novo partido. “Estamos diante do new PT, que diz sim à Alca e ao FMI. O governo representa um novo partido que não tem mais a feição de esquerda”, disse.