Depois de 30 dias de braços cruzados, os servidores municipais de Londrina decidiram voltar ao trabalho hoje, mas continuam em estado de greve. A categoria resolveu retomar as atividades depois que o prefeito, Nedson Micheleti, concordou em negociar os dias parados. Além disto, será criada uma Comissão Permanente de Negociação para acompanhar a evolução da arrecadação da cidade com vistas a um possível reajuste salarial.
Ontem, o deputado estadual André Vargas (PT) criticou o posicionamento político do Sindicato dos Servidores Municipais de Londrina que, para ele, vinha dificultando as negociações. Ele também disparou contra o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB), que foi líder do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na Câmara dos Deputados e nunca teria se empenhado em colaborar com os servidores federais que ficaram oito anos sem reajuste salarial. "Agora ele vem tentar posar de defensor dos trabalhadores. Na verdade, o seu posicionamento reforça o caráter político da greve", ressalta.
Hauly rebateu dizendo que não apoiou o movimento grevista. Explica que fez um discurso na Câmara pedindo que o prefeito voltasse a negociar com os servidores. "Ele se mostrava intransigente e a população estava sofrendo com a situação", destaca. Os sindicalistas começaram o movimento pedindo um reajuste de 21%, resultado de inflações acumuladas nos anos de 2001, 2002 e 2004. Mas o prefeito afirmou que não havia a menor possibilidade de aumento devido a Lei de Responsabilidade Fiscal.
No dia 24 de março, a Prefeitura e o Sindicato dos Servidores Municipais (Sindserv) chegaram a assinar um acordo, elaborado pela Câmara de Vereadores, colocando fim à greve. Mas acabou sendo rejeitado em assembléia pela categoria. A proposta era a mesma firmada ontem, só que contava ainda com um reajuste de 16% no valor do auxílio-alimentação, que atualmente é de R$ 145,00.
Depois deste episódio, a Prefeitura resolveu fechar o canal de negociação e divulgou nota informando que só voltaria a conversar depois que os servidores voltassem ao trabalho. O sindicato chegou a apresentar mais uma proposta pedindo um abono de R$ 140,00, mas o prefeito manteve a posição anterior.
O presidente do sindicato, Marcelo Urbaneja, comenta que a categoria resolveu voltar ao trabalho em respeito à população, que há 30 dias não conseguia nenhum tipo de atendimento na Prefeitura. Os setores mais críticos eram a área da saúde e da educação.
O Ministério Público Estadual (MPE) chegou a entrar na Justiça pedindo a reabertura dos postos e escolas. Na última segunda-feira, o juiz da 7.ª Vara Civil, José Cichocki Neto, deu prazo de 24 horas para que as unidades de saúde fossem reabertas. Diante da decisão judicial, Micheleti convocou ontem, por meio de jornais, os servidores à volta ao trabalho e ao meio-dia o acordo foi assinado. Agora os servidores vão acompanhar as contas do município. No fim de maio, o prefeito vai apresentar um relatório sobre as finanças na Câmara Municipal. Eles esperam a confirmação do aumento da arrecadação para propor um índice de reajuste.