O depoimento prestado em setembro do ano passado pelo operador do mensalão, Marcos Valério, ao qual o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso, foi remetido para o Ministério Público Federal em Brasília. O procurador da República em Minas Gerais Leonardo Augusto Santos Melo, que havia recebido o depoimento em fevereiro, alegou não ter competência para investigar parte dos fatos narrados por Valério. Já os repasses financeiros citados no depoimento já estão sendo apurados em Minas.

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Uma dessas investigações em curso em Minas Gerais seria dos repasses feitos por Valério à empresa do ex-assessor da Presidência da República Freud Godoy. As outras acusações, contidas nas 13 páginas do depoimento, não teriam relação com as investigações em curso em Minas Gerais. Por isso, o procurador determinou a remessa para os procuradores em Brasília.

Desde segunda-feira (11), o depoimento passa por uma análise preliminar e já está nas mãos de alguns procuradores da República, que têm investigações correlatas ao processo do mensalão. Caso guarde alguma relação com apuração em curso, o trecho do depoimento será apensado a esta investigação.

Caso contrário, se não houver nenhuma correlação com apurações já em curso, o depoimento será distribuído para um procurador da República. Caberá a ele determinar a instauração de processos administrativos para investigar as acusações feitas por Valério ou arquivar o caso depois de análise preliminar. Se entender haver indícios de crime a serem investigados, o procurador poderá abrir quanto processos administrativos quantos considerar necessários para abarcar a íntegra do depoimento.

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Em meio ao julgamento do mensalão, Valério foi voluntariamente à Procuradoria-Geral da República no dia 24 de setembro na tentativa de obter algum benefício em troca de novas informações sobre o caso. Em mais de três horas de depoimento, disse que o esquema do mensalão ajudou a bancar “despesas pessoais” do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Também afirmou que o ex-presidente deu “ok”, em reunião no Palácio do Planalto, para os empréstimos bancários que viriam a irrigar os pagamentos de deputados da base aliada. E contou ter sido ameaçado de morte pelo PT caso decidisse contar o que sabia do esquema.

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