Seria impossível imaginar que Beto Richa ficaria ileso diante de tantos contratempos em sua administração. Ontem o governador viveu mais um dia de prejuízo político, com decisões cobradas por quem o apoia, pela oposição e pela opinião pública: deixou na corda-bamba o secretário da Educação, Fernando Xavier Ferreira, que não conseguiu resolver os problemas da pasta, e o comandante-geral da Polícia Militar, César Kogut, que foi quem pagou o preço pela decisão de atacar os professores em frente à casa do governo.

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Mas não para por aí: o secretário da Segurança, Fernando Francischini, que lavou as mãos no episódio das agressões contra professores, está no fio da navalha e pode não passar de hoje no cargo. Há informações de que Beto Richa teria recebido ontem uma carta assinada por nada menos que 13 coronéis da Polícia Militar, em repúdio à atitude do secretário. Isto representa mais de 80% do staff que comanda a corporação.

Sem tomar atitudes, o governador estaria sujeito a mais desgastes do que já está vivendo. O confronto da PM com os professores repercutiu em todo o Brasil. Por isso, ele e o secretário da Segurança foram convidados a depor hoje na Comissão de Direitos do Senado para discutir as ações de violência contra os mestres. Sua ida depende de agenda.

Investigado

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Aqui no Estado, a imagem já vem sendo abalada por uma sequência de decisões e escândalos. Além do “pacotaço” para aprovar o novo projeto da ParanaPrevidência, ontem indicou a vice-governadora Cida Borghetti para comandar o escritório de representação em Brasília. Há meses vê a Receita Estadual envolvida em vários escândalos de propina, além do Departamento de Transportes ser alvo de denúncias em licitações.

Nos dois casos, tem amigos e parentes envolvidos. Ontem o Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, cumpriu mandado de busca e apreensão no prédio da Secretaria de Estado da Administração. A ordem judicial determinava a busca de documentos referentes à escolha de oficinas mecânicas para conserto de carros do governo.

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Base derreteu

Por tudo isso, viu sua base de apoio na Assembleia Legislativa ficar reduzida. De cinco deputados ferrenhos de oposição no seu primeiro mandato, acabou a semana com mais de 20 nomes jogando contra. Foi esse o número de deputados que votaram contra o projeto da previdência.

Para piorar, enfrenta o PMDB na esfera estadual. Ontem, a Executiva aprovou resolução determinando que todos os filiados com cargos no governo deixem seus postos em 30 dias.
Paralelamente a tudo isso, o Ministério Público já ouviu mais de 80 pessoas no âmbito das investigações sobre os excessos na repressão da manifestação pública ocorrida no dia 29 de abril, nos arredores da Assembleia Legislativa. E ontem o governador dormiu com a notícia de que os professores mantém a greve.

Rifado

Embora ninguém fale sobre o assunto, a saída do comandante-geral da Polícia Militar, César Kogut, foi provocada pela atitude do secretário da Segurança, Fernando Francischini, que lavou as mãos sobre a repressão aos professores, jogando toda a responsabilidade sobre o comando da PM. Houve 213 feridos. “O controle da operação de campo é da polícia”, disparou o secretário. Kogut deve ser substituído pelo coronel Nerino Mariano de Brito ou pelo coronel Maurício Tortato.