Denúncias causam saída de diretor da ParanaPrevidência

A demissão do advogado Francisco Alpendre da diretoria jurídica do fundo de pensão e aposentadorias dos servidores públicos estaduais foi explicada pelo governo como um desdobramento da troca da presidência da ParanáPrevidência.

O ex-presidente José Maria Correia afastou-se do cargo para concorrer à prefeitura de Matinhos pelo PMDB e foi substituído pelo desembargador aposentado Munir Karam. Ontem, ele nomeou o advogado Mauro Borges para o lugar de Alpendre.

Na terça-feira, 3, o governador Roberto Requião (PMDB) nomeou Karam e disse que ele tinha carta branca para fazer as mudanças que julgasse necessárias na entidade, ?inclusive substituição de diretores?.

Foi o sinal de que Requião tinha decidido mexer na equipe que, na semana passada, enquanto o governador estava na Alemanha, tinha se envolvido em uma discussão pública sobre a regularidade da aplicação de recursos do ParanáPrevidência em bancos privados.

Alpendre contestou a decisão do diretor financeiro, Mário Lobo Filho, de investir R$ 50 milhões no Banco Pactual, sem o aval do conselho diretor da empresa. Requião voltou da Alemanha e criticou a decisão de aplicação em banco privado.

Quando as apostas indicavam que o demitido seria Lobo Filho, ordenador do investimento, quem saiu foi Alpendre. Procurado por O Estado, o advogado não retornou a ligação.

Ontem, o líder da bancada de oposição na Assembléia Legislativa, Valdir Rossoni (PSDB), disse que Alpendre teve o destino de todos os auxiliares de Requião que denunciaram ou suspeitaram de irregularidades no governo.

?Quem denuncia é demitido sumariamente do governo?, afirmou o tucano, lendo na tribuna uma relação de ex-integrantes do governo que apontaram problemas em algumas áreas e acabaram se retirando ou demitidos.

Entre eles, Rossoni citou o ex-procurador geral do Estado Sérgio Botto de Lacerda, que se desentendeu com o presidente do Conselho de Administração da Sanepar, Pedro Henrique Xavier, e deixou o cargo.

A reação do líder do governo, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), foi imediata. Acusou Rossoni de repercutir diariamente a coluna do jornalista Celso Nascimento, publicada no jornal Gazeta do Povo, que trazia a lista de ex-integrantes do governo citados por Rossoni em seu discurso. ?O senhor já nem trata mais do tema. O senhor já lê a coluna diretamente?, disse.

Sobre a demissão de Alpendre, Romanelli disse que é uma prerrogativa da nova direção da ParanáPrevidência. ?Há uma nova equipe. Há mudanças?, afirmou o líder do governo, sugerindo a Rossoni que deve questionar o novo presidente sobre suas razões para a troca de diretores.

O deputado Augustinho Zucchi (PDT) disse que aos deputados não interessa saber quem foi demitido ou contratado pelo novo presidente. ?Isso é prerrogativa dele. Mas o governo deve explicações sim sobre o que está ocorrendo na ParanáPrevidência. Se a operação que foi feita trouxe ou não prejuízos ao estado. Isso tem que explicar, sim?, afirmou. Zucchi também cobrou explicações sobre rumores de que o governo não estaria repassando a sua parte na contribuição com o fundo. O tema foi levantado por Rossoni há mais de um mês.

Romanelli afirmou que Rossoni sabe que ?não é verdade? que o governo está descumprindo sua parte. Segundo Romanelli, o que há é uma conciliação de contas porque a aposentadoria e pensões estão sendo pagos com recursos do Tesouro Estadual, sem recorrer aos recursos do fundo. E que nesse processo há uma compensação. 

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