Foto: Fábio Alexandre

Hermas: inventário?

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O governador Roberto Requião (PMDB) reuniu o primeiro escalão do governo ontem a tarde para um encontro, no Palácio das Araucárias, convocado às pressas e que transcorreu a portas fechadas. Requião não quis fazer declarações e coube ao secretário da Casa Civil, Rafael Iatauro, justificar que se tratava de mais uma conversa de rotina entre o governador e seus auxiliares.

Iatauro negou a existência de um inventário de suspeitas de irregularidades no Executivo que teria sido elaborado a pedido do governo pelo conselheiro do Tribunal de Contas, Hermas Brandão. Embora a realização da reunião tenha sugerido a ocorrência de algo grave no interior do governo, e de ter sido feita em meio à rumorosa saída do procurador Sérgio Botto de Lacerda, a maioria dos participantes da reunião negou a inclusão dos conflitos políticos do governo na pauta.

Na Assembléia Legislativa, entretanto, o caso Botto de Lacerda e as denúncias contra o Executivo ainda ecoam e incomodam os aliados de Requião. Enquanto o governador se reunia com seus secretários, a liderança do Palácio coletava assinaturas para requentar cinco propostas de criação de Comissão Parlamentar de Inquérito sobre temas que já haviam sido propostos no início do ano.

A estratégia é obstruir a criação da CPI da Corrupção, proposta pelo líder da bancada de oposição, Valdir Rossoni (PSDB), que ainda sofre para obter as dezoito assinaturas necessárias, enquanto a bancada governista só espera a melhor hora para apresentar suas CPIs e trancar a da oposição. ?Eles estão falando de uma CPI da Corrupção. Nós estamos nos preparando para o jogo?, disse o líder da bancada, Waldyr Pugliesi.

Cobranças

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Em meio a tantos desmentidos, Iatauro confirmou que Requião cobrou dos secretários a correção de problemas na prestação de contas do ano passado, examinada este ano e que foi aprovada com ressalvas do plenário do Tribunal de Contas. ?Ele mandou os secretários atenderem às recomendações do Tribunal de Contas. Ele só quis saber como estava o andamento disso. E pelo balanço que eles apresentaram, está sendo corrigido?, comentou o chefe da Casa Civil.

Iatauro disse que o governador ficou chateado com a forma como Botto de Lacerda deixou o governo. Ele divulgou uma carta atacando Requião, chamando-o de omisso diante das denúncias de irregularidades em sua administração. ?Não vou dizer que o governador ficou contente com o que aconteceu. Quem não ficaria aborrecido? Era um grande amigo dele. Mas ele não falou sobre esse assunto com nenhum de nós até agora?, disse.

Dossiê

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Brandão também negou que tivesse sido procurado pelo governador para fazer um inventário das suspeitas de irregularidades no governo, que estejam sendo analisadas no Tribunal de Contas. O conselheiro afirmou que essa tarefa não faz parte de suas atribuições. ?Na minha função, escreve-se. Não se fala. Não houve conversa com o governador e muitas das coisas apontadas nesse falso dossiê nem fariam parte da minha inspetoria. Eu não sei qual é a fonte dessas informações mas elas não têm credibilidade?, disse Brandão.