O empresário Natalino Bertin foi denunciado na Operação Lava Jato pelo uso de suas contas para movimentação de R$ 12 milhões emprestados pelo PT de forma fraudulenta, em 2004, no Banco Schahin via pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Metade desses valores foi parar em contas do empresário Ronan Maria Pinto, dono do jornal Diário do Grande ABC.
O empréstimo nunca foi pago formalmente, tendo sido quitado com um contrato de US$ 1,6 bilhão dirigido pela Petrobras para o Grupo Schahin, via esquema de corrupção alvo da Lava Jato. Em 2009, o Grupo Schahin foi contratado sem licitação pela estatal petrolífera para operar o navio sonda Vitória 10000.
“Ao receber o dinheiro do Banco Schahin, Bumlai, com o objetivo de quebrar o rastro direto dos recursos ilícitos, procurou Natalino Bertin, então presidente do Frigorífico Bertin, solicitando auxílio na intermediação dos valores até os destinatários finais. Além de afastar ainda mais o dinheiro da sua fonte ilícita, a utilização da Frigorífico Bertin tinha a finalidade de misturar os ativos ilícitos com os recursos lícitos auferidos na regular atividade comercial da empresa (commingling)”, informa a denúncia apresentada nesta sexta-feira, 6, contra Bertin e o empresário Rona Maria Pinto, principal alvo da ação penal.
“Cabe ressalta que o Frigorífico Bertin era uma empresa de grande porte, possuindo uma gigantesca movimentação financeira que não despertaria a atenção das autoridades fiscais tributárias.”
Bumlai confessou que tomou o empréstimo de R$ 12 milhões em nome do PT. Ele citou o ex-secretário do PT Silvio Pereira, o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares e outros nomes do partido. O pecuarista “admitiu a operacionalização dos valores em favor do Partido dos Trabalhadores, mencionando que pediu auxílio de Natalino Bertin para realizar a transferência ilícita para os destinatários finais”.
Ouvido pela Lava Jato, Natalino Bertin negou o conhecimento da transação de recebimento dos valores na conta do frigorífico.