A Comissão Executiva Nacional do DEM (ex-PFL) acusou o governo Lula de conduzir "por debaixo do pano e ao arrepio da Constituição, a reestatização do setor petroquímico". Em nota oficial divulgada ao final da tarde pela direção partidária, o DEM exigiu a apuração do caso que envolve a compra da Suzano Petroquímica pela Petrobras "sem levar em conta os graves prejuízos que serão impostos aos contribuintes, aos acionistas da Petrobras e ao Tesouro", segundo o partido.
De acordo com o DEM, o valor da operação foi de R$ 2,7 bilhões, superando em 11 vezes a geração de caixa da Suzano. O partido está convencido de que, levando-se em conta o preço de compra e as dívidas da petroquímica, a Petrobras pagou cerca de US$ 1 bilhão acima do valor da empresa, o que totaliza um ágio de 84%.
A nota é assinada pelo presidente do partido, deputado Rodrigo Maia (RJ), e pelo vice-presidente para Assuntos de Meio Ambiente José Carlos Aleluia (BA). Na avaliação de ambos, o superfaturamento sugere motivação política, e não econômica, para a aquisição. "Existe uma estratégia deliberada do governo de levar a Petrobras a assumir o comando do setor petroquímico, sem se preocupar com o retorno do investimento", concluem, ao lembrar que, no início do ano, a Petrobras já se tornara sócia minoritária relevante do Grupo Ipiranga.
"Com a transação de agora, a Petrobras passa a ter o controle da Suzano Petroquímica Operacional, da Rio Polímeros, da Petroquímica União e da Petroflex", destaca a nota.
Em defesa da tese de que a "reestatização do setor petroquímico é inconstitucional", o DEM cita o artigo 173 da Constituição, pelo qual uma empresa brasileira só pode ser reestatizada em defesa da segurança nacional ou no caso de relevante interesse público.
O último item da nota denuncia que pelo menos dois investidores, "uma pessoa física residente no Brasil e uma pessoa jurídica estrangeira, teriam sido beneficiados com lucros de pelo menos R$ 1,5 milhão em operações realizadas no mesmo dia do anúncio da transação".