Governo e oposição não conseguiram chegar a um consenso para destrancar a pauta de votações da Câmara, que tem quatro medidas provisórias à espera de apreciação e dois projetos de lei com urgência constitucional. O principal motivo está na oposição: o DEM e o PSDB estão divididos. Enquanto o DEM insiste em manter a obstrução no plenário da Câmara, o PSDB e o PPS aceitam negociar com o governo para destrancar a pauta. “O DEM se manifestou no sentido de que vão manter a obstrução”, disse o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Sem consenso, o governo vai tentar concluir a votação desta terça-feira (05) da medida provisória 431, que trata do reajuste salarial de servidores públicos. Por trás da decisão do DEM de manter a obstrução no plenário da Câmara e impedir qualquer votação está a tentativa de pressionar o governo para ceder na medida provisória 432, que trata da renegociação das dívidas do setor agrícola. “A bancada ruralista é insaciável”, resumiu o líder do PT na Câmara, Maurício Rands (PE), depois da reunião de líderes.
Segundo Rands, o governo já concordou em reduzir de cinco para dez anos o prazo de renegociação das dívidas agrícolas. A bancada ruralista quer, no entanto, que a taxa de referência para a renegociação das dívidas não seja a Selic e sim a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que é bem mais baixa. Mesmo sem consenso, o governo tentará votar a MP na quarta (06).