O escândalo que atingiu o DEM na última semana por conta do suposto envolvimento do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, em esquema de corrupção pode se expandir e causar estragos em outros Estados caso ele não seja expulso dos quadros do partido pela Executiva Nacional.

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Os caciques paulistas da legenda são unânimes ao reconhecer a gravidade das denúncias envolvendo o governador e admitem que a reunião da próxima quinta-feira (10), quando será determinada a expulsão ou a permanência de Arruda no partido, poderá definir o desempenho do DEM nas eleições gerais de 2010.

“Caso não seja tomada uma atitude rigorosa em relação a Arruda, o partido poderá sair prejudicado”, disse o deputado federal Milton Vieira (SP), membro da Executiva Nacional do DEM. O parlamentar reconheceu que o clima dentro do partido “está muito tenso” e afirmou que a maioria dos membros da Executiva é favorável ao desligamento de Arruda dos quadros partidários. “Eu vejo como certa a expulsão do governador.”

Vieira acredita que a crise poderá ficar circunscrita ao Distrito Federal caso Arruda seja afastado do DEM. “Não existe envolvimento de outros membros do partido para que ela se expanda.” Para o deputado, não há perigo de deflagração de uma crise em São Paulo, cidade governada pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM). “O DEM é uma sigla forte e representativa na cidade e no Estado e ficará intocável”, afirmou.

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O deputado federal Guilherme Campos (SP), também membro da Executiva Nacional, disse que a reunião da quinta-feira será crucial para definir o futuro do partido em 2010. “Se vai prejudicar ou não o DEM nacionalmente, tudo vai ficar claro na decisão do dia 10 de dezembro”, atestou. O parlamentar admitiu que o escândalo envolvendo o governador do Distrito Federal tem criado um clima “cáustico e desagradável” dentro do partido. “Isso só pode trazer resultados ruins para o DEM”, afirmou. Campos ressaltou que a sigla tem uma posição sólida e firme no Estado de São Paulo, mas ponderou que o desempenho do DEM nas urnas “será determinado pela decisão da reunião”.

Uma outra liderança do partido em São Paulo identificou a “expulsão imediata de Arruda” como o único caminho para que o DEM não saia prejudicado nacionalmente com o escândalo. “É um ato que ficou claro que é corrupção. Se o partido não distanciar o governador, o DEM pode se arruinar nas eleições de 2010. Assinará o atestado de que concorda com tudo isso”, garantiu a fonte. Na hipótese de afastamento de Arruda, o cacique não crê que o partido perderá espaço em âmbito nacional. “Nesse caso a crise vai ficar confinada no Distrito Federal. Cada Estado é um Estado, cada quadro é um quadro”, ressaltou. “Essa crise é um senhor câncer que deve ser eliminado e extirpado antes que vire metástase”, figurou.

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Avestruz

Em contraposição às lideranças do DEM, o cientista político Humberto Dantas, conselheiro do Movimento Voto Consciente, não acredita que o mensalão do Distrito Federal ficará localizado apenas na capital do País. Na avaliação do cientista, com ou sem a expulsão de Arruda, a crise por que passa o partido irá “escorrer para o Brasil”. “O partido poderá passar por um momento avestruz, esperando o terremoto acabar. Mas é certo que o tema voltará à tona nas eleições de 2010, o que pode levar a legenda a enfrentar perdas nas urnas”, explicou.

Dantas considera ainda que o episódio pode resultar no enfraquecimento do DEM diante de seus aliados. Na avaliação dele, as alianças firmadas com o partido antes da crise devem continuar, mas o DEM verá seu peso político diminuir. “A tese de um vice da legenda em uma chapa com o PSDB para a sucessão no Palácio do Planalto perderá força”, observou.