O líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), disse hoje que, enquanto não surgirem provas comprovando o envolvimento do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda – único governador do partido -, no esquema de corrupção desbaratado pela Polícia Federal, ele continuará tendo o apoio do partido. “Não conheço as denúncias, sei que é sobre licitações envolvendo os secretários. Portanto, até que surjam fatos posteriores, o partido mantém a confiança no seu governador”, afirmou.

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Agripino disse que tentou falar com Arruda por telefone, mas não conseguiu. Da conversa que teve pela manhã com presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), o líder foi comunicado que o governador “está tranquilo”. “Preciso me encontrar com ele (Arruda) para me inteirar dos fatos e para oferecer a interlocução congressual que o assunto vai impor”, comentou.

O ministro Fernando Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), foi quem determinou a operação de busca e apreensão em casas e gabinetes de autoridades do governo do Distrito Federal, inclusive Arruda.

Nota

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Gonçalves limitou-se a divulgar na tarde de hoje uma nota no site do tribunal na Internet informando que a operação teve o objetivo de “coletar provas sobre um suposto esquema de distribuição de recursos ilegais à base aliada do governo”.

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De acordo com a nota, a operação atingiu as casas e locais de trabalho de 16 pessoas físicas e jurídicas. A medida foi determinada num inquérito que tramita no STJ porque entre os investigados há autoridades que têm direito ao foro privilegiado.

Segundo a nota do STJ, as buscas e apreensões ocorreram em 24 lugares, sendo 21 no Distrito Federal, 1 em Goiânia e 2 em Belo Horizonte, e foram acompanhadas por integrantes do Ministério Público Federal. “A medida visa descobrir provas e indícios de eventual vínculo mantido entre os investigados e a suposta participação de cada um em atos ilícitos”, informou o STJ.

Sem pirotecnia

No despacho em que aceitou o pedido do Ministério Público e determinou a realização da operação, Fernando Gonçalves fez questão de frisar que todo o trabalho deveria ser feito com discrição para garantir a intimidade e a preservação dos direitos dos investigados.

“As diligências deverão ser realizadas com absoluta discrição”, “de modo a causar o menor incômodo às pessoas envolvidas” e “a causar o menor dano possível aos bens dos investigados”, afirmou o ministro.

Com o objetivo de manter o sigilo da operação, Gonçalves determinou que não fosse convocada a imprensa e que os agentes não utilizassem ostensivamente vestimentas da Polícia Federal nem expusessem desnecessariamente armamentos pesados. Após a operação, o ministro retirou o sigilo do inquérito, que tramita no STJ desde 24 de setembro.

Segundo informações do STJ, as investigações sobre o suposto esquema de repasse de recursos foram reforçadas pela delação de um ex-secretário de Estado do Distrito Federal. Esse ex-secretário teria concordado com a instalação de equipamentos de escuta ambiental em suas roupas. Foi oferecida a ele a possibilidade de ingressar num programa de proteção a testemunhas.