Mesmo sem conseguir costurar a “união das oposições”, que vem sendo negociada na Bahia desde o início do ano passado entre os três principais partidos de oposição ao governador Jaques Wagner (PT), DEM, PSDB e PMDB, o DEM anunciou, na tarde desta sexta, em Salvador, a pré-candidatura do deputado ACM Neto à prefeitura da cidade.

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“Viemos fazer uma convocação, em nome do partido, para que ele aceite disputar a prefeitura”, justificou o presidente nacional da legenda, senador Agripino Maia (RN), presente no evento, junto com toda a direção do partido na Bahia e com 12 deputados federais da legenda.

“Ele é líder do partido, apesar da pouca idade, tem uma força de trabalho extraordinária e está muito bem nas pesquisas. Ele poderá ser o mais importante dos candidatos a prefeito do partido no País. A eleição de ACM Neto à prefeitura é, para nós, emblemática.”

O deputado aceitou a proposta. Chorou ao ler uma carta de Jorge Amado a seu avô, o senador Antônio Carlos Magalhães, e disse que, se eleito, vai fazer de seu mandato um “ato de amor” por Salvador. “Estou diante do maior desafio da minha vida”, disse. “Não tenho o direito de errar e não vou errar.”

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Sobre a articulação com outros partidos, ACM Neto disse que vai continuar negociando. “São até dez partidos que podem caminhar conosco nessa proposta de construir um futuro diferente para Salvador”, afirma. “Mas é claro que nem todos podem confirmar essa aliança.”

O pré-candidato pelo PMDB ao pleito, o ex-prefeito e radialista Mario Kertész, mostrou descontentamento com a posição do DEM. Em seu programa na Rádio Metrópole, ele não escondeu a contrariedade com o que chamou de “decisão unilateral” do DEM. “Se não houver unidade da oposição, vamos repetir 2008, quando (a oposição) não chegou sequer ao segundo turno (disputado pelo prefeito João Henrique, então no PMDB, que disputava a reeleição, e o petista Walter Pinheiro, hoje senador).”

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O PSDB na Bahia não se pronunciou oficialmente sobre a pré-candidatura de ACM Neto. Na semana passada, em reunião da executiva do partido no Estado, ficou definida a posição da legenda de continuar buscando a unidade das oposições. Caso não seja concretizada, o grupo propõe o nome do deputado Antonio Imbassahy, ex-prefeito de Salvador, para o pleito.

Nos bastidores, comenta-se o possível acordo pela troca de apoios entre PSDB e DEM em São Paulo e Salvador – o DEM apoiaria o tucano José Serra na capital paulista em troca do apoio do PSDB à candidatura de ACM Neto. As lideranças dos dois partidos na Bahia, porém, negam que exista tal acordo, o que foi ratificado por Agripino nesta segunda. Ele, porém, afirma querer que ele seja concluído. “Não fechamos nada, mas é desejo nosso que o acordo aconteça”, afirma.

Demóstenes

O líder do DEM também nega que as investigações da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre as relações do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos e empresários possam enfraquecer a imagem do partido – e prejudicar o desempenho da legenda nas eleições.

Um dos envolvidos nas investigações é o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), que integrava o DEM até pedir a desfiliação da legenda, no início do mês. “Pelo contrário, nosso partido sai fortalecido, porque o eleitor vai ver que a gente fez o que os outros partidos não fizeram”, avalia. “O Democratas cortou na carne, coisa que nem o PT, nem os outros partidos que estão acusando tiveram coragem de fazer. O eleitor está cansado de ouvir palavras da boca para fora e, na hora da ação, ficar como o que o PT fez.”