O presidente do PT, Rui Falcão, afirmou nesta segunda-feira, 22, que o partido não tem com o que se preocupar em relação a uma possível delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT-MS) no âmbito da Operação Lava Jato. O dirigente petista disse ainda que não conseguiu verificar, dentro do partido, o impacto em relação à soltura do parlamentar, ocorrida na última sexta-feira, 19.
“O PT não tem nada de se preocupar com possível delação (de Delcídio)”, afirmou Falcão em rápida entrevista após apresentar o programa de TV da sigla que será veiculado nesta terça-feira, 23, em cadeia nacional.
Questionado sobre como andava o clima no PT após a saída de Delcídio da prisão, Falcão abriu um sorriso. “Não consegui tomar a temperatura ainda”, observou ele. De acordo com o presidente do PT, o processo contra o senador será discutido na reunião do Diretório Nacional do partido, marcado para a próxima sexta-feira, dia 26, no Rio.
Na reunião, o Diretório analisará a decisão da Executiva Nacional do PT, que no início de dezembro suspendeu Delcídio por 60 dias. Foi, na prática, uma tentativa do partido de se desvincular da crise, depois que Delcídio foi preso, em 25 de novembro, sob acusação de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato.
À época, Falcão divulgou nota dizendo que o PT não se julgava obrigado a qualquer gesto de solidariedade com Delcídio porque nenhuma das tratativas do senador tinham relação com sua atividade partidária.
É provável que o comando do partido prorrogue a suspensão do senador por mais algum tempo, antes de decidir o seu destino. Até a soltura de Delcídio, na sexta-feira, a tendência era pela expulsão do senador.
De qualquer forma, caso o Diretório Nacional do PT confirme o parecer da Executiva, será criada uma comissão interna que dará dez dias para Delcídio se explicar. Falcão disse que o que essa comissão decidir será levado para votação do Diretório.
Chinaglia
Para o deputado do PT de São Paulo Arlindo Chinaglia a situação de Delcídio é complicada. “A situação é difícil porque o caso ainda não foi transitado em julgado”, afirmou.
“As gravações feitas são muito fortes. Existe um constrangimento (com a volta de Delcídio)? Sim, porque ele era presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e não poderá continuar, era líder do governo e não pode continuar, por motivos óbvios. Então, não há nada a comemorar”, completou o deputado.