Delcídio diz que recebeu promessa de Mercadante para ficar calado

Em acordo de delação premiada, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) afirmou que o ex-chefe da Casa Civil do governo Dilma Rousseff e atual ministro da Educação Aloizio Mercadante prometeu dinheiro e ajuda para que Delcídio não procurasse o Ministério Público Federal (MPF) e colaborasse com as investigações da Operação Lava Jato.

No depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR) homologado nesta terça-feira, 15, no Supremo Tribunal Federal (STF), Delcídio afirma que, durante o período em que esteve preso preventivamente por causa da Operação Lava Jato, seu assessor, Eduardo Marzagão, foi procurado em três ocasiões no mês de dezembro do ano passado por uma a assessora de Mercadante conhecida como Cacá e pelo próprio ministro.

Mazagão gravou as conversas que teve com o ministro, que passou um recado para Delcídio “ter calma e avaliar muito bem a conduta a tomar, diante da complexidade do momento política”. O ministro da Educação teria prometido que a situação de Delcídio se resolveria e que o pagamento de honorários com advogados “poderia ser solucionado”. O parlamentar disse aos investigadores que o recado era de que o PT bancaria sua defesa.

Delcídio também afirmou que acredita que o ministro agia como emissário da presidente Dilma Rousseff. Segundo o ex-líder do governo no Senado, Mercadante é um dos poucos que possui a confiança da presidente, e que teria dito que “se ela tiver que descer a rampa do Planalto sozinha, eu descerei ao lado dela”.

Em outra conversa de Marzagão com Cacá, a assessora de Mercadante, ela teria dito que a promessa feita pelo ministro a Delcídio não tinha sido esquecida. E que Mercadante procuraria o presidente do Supremo, ministro Ricardo Lewandowski, e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) para que eles tomassem partido a favor da soltura de Delcídio.

O senador também afirmou que Mercadante iria “abrir a porteira” se Delcídio contasse ao MPF o que sabia. Mas que, apesar disso, salientava que o deixaria a vontade para decidir o que achasse melhor. Para Delcídio, essa posição reforçava a intenção de Mercadante para que o senador permanecesse calado.

O ex-líder do governo firmou o acordo com a PGR para colaborar com as investigações e fez acusações contra a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Delcídio deixou a prisão em 19 de fevereiro, após ter ficado quase três meses na cadeia acusado de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato.

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