O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), considerou sem sentido a declaração do vice-presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Fernando Nogueira da Costa, segundo a qual denúncias de irregularidades em contratos da instituição com o BMG, formuladas inicialmente pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR), teriam teor político e a intenção de privatizar a estatal. A afirmação de Delcídio foi feita, ontem, pouco após entrevista coletiva sobre o assunto dada por Nogueira.
O episódio refere-se a operações de créditos consignado a aposentados e pensionistas realizadas pelo BMG, com recursos da Caixa, em que esta teria lucrado R$ 355,8 milhões e o banco, R$ 210 milhões. Assessores da CPI e técnicos do TCU avaliam que a estatal poderia ter lucrado o dobro dessa quantia, caso tivesse emprestado dinheiro diretamente aos aposentados.
Delcídio disse que é preciso analisar com cautela as informações constantes do relatório do TCU e que pretende ouvir o ministro relator, Ubiratan Aguiar. Isso deve acontecer na próxima semana, pois o tribunal encontra-se em recesso. Para o senador, não houve qualquer posicionamento da comissão no sentido de politizar a questão. Quanto à privatização, ele disse que essa discussão é ultrapassada e que o momento político não pede medidas dessa natureza. Sobre o assunto, a assessoria do senador Alvaro Dias apresentou projeto de lei por ele proposto, que exclui a Caixa e o Banco do Brasil de possíveis privatizações.
O presidente da CPMI lembrou ainda que a Caixa Econômica é uma instituição respeitável, com papel preponderante nas políticas públicas de fomento, e que faz-se necessário ouvir seus representantes, para só então fazer um juízo criterioso sobre o assunto.
Sobre o fato de o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ter franqueado o acesso ao BMG a seu banco de dados de aposentados e pensionistas, Delcídio salientou que tal conduta é, no mínimo, "esquisita".
Opresidente da CPI negou ainda que tenha havido quebra de sigilo no vazamento do conteúdo do relatório parcial do TCU. Delcídio salientou que o documento enviado à presidência da CPI e também ao senador Alvaro Dias apenas "recomendava sigilo". Dessa forma, ele não vê motivo para processo de quebra de decoro parlamentar