O deputado Elio Rusch (PFL) cobrou explicações do governo do Estado sobre uma suposta proteção da Secretaria de Segurança ao MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra). Rusch fez a denúncia com base em cópia de um relatório do delegado de Cândido de Abreu para o juiz da comarca, em que justifica não ter avançado na investigação de uma acusação de tortura que teria sido praticada por integrantes do MST, durante a ocupação de uma área na zona rural da cidade, em decorrência de uma orientação da Secretaria de Segurança que impediria a intimação de trabalhadores sem terras.
No ofício mostrado por Rusch, o delegado Ernandes Cezar Alves diz que não foi possível intimar e interrogar os trabalhadores sem terra suspeitos dos atos de agressão na Fazenda Laguiche, em Cândido de Abreu. Conforme informou à juíza, por ordem do secretário de Segurança, as polícias Civil e Militar não podem "exercer atividades e tarefas contra os sem terra". A área, segundo descreveu o delegado na cópia do documento exibida pelo deputado, foi ocupada em dezembro de 2004 e permanecia assim, até a data do ofício, expedido em 12 de abril deste ano.
O deputado disse que, por enquanto, está pedindo uma explicação do governo do Estado sobre o caso. "Se isso for verdade, como é que pode? Como é que um secretário de Segurança pode determinar a um delegado de polícia que não investigue o MST. A baderna tomou conta do nosso estado?", questionou Rusch.
Esta não é a primeira vez que deputados estaduais acusam o governo do Estado de complacência com o MST. Na Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a reforma agrária realizada no ano passado e encerrada este ano na Assembléia Legislativa, o relatório original sugeria que o governo não reprima as invasões. Na versão final, a redação do relatório foi modificada, mas o relator era um aliado do Palácio Iguaçu, o deputado Mário Bradock (PMDB).
Negou
O delegado de Cândido de Abreu disse a O Estado que apenas informou à comarca que não havia como entrar na área e que por isso o inquérito ficou incompleto. "Tem muita gente no local. São mais de mil pessoas e nós temos três policiais. O que eu disse foi nesse sentido. Não que houvesse orientação", reagiu o delegado.
A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança informou que a ordem do secretário para denúncias de tortura e agressão é "investigar até as últimas conseqüências".