Delatora liga Bené a campanha presidencial de 2010

A publicitária Danielle Fonteles, sócia da agência Pepper Comunicação Interativa, que prestava serviços ao PT, confirmou em depoimentos prestados a investigadores da Operação Acrônimo que o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, atuava como uma espécie de “provedor” da primeira campanha presidencial de Dilma Rousseff, em 2010. Conforme fonte com acesso ao caso relatou ao jornal O Estado de S. Paulo, ele providenciava recursos e estrutura para o QG montado em Brasília pela coligação da petista naquele ano.

Dono de uma gráfica e de empresas de eventos em Brasília, Bené é investigado por desvio de recursos de contratos com o governo federal. Nas gestões petistas, as empresas ligadas a ele faturaram mais de R$ 500 milhões por serviços supostamente superfaturados e não prestados.

Em 2010, o empresário atuava como “colaborador” da campanha de Dilma, mas teve de deixar a função após a revelação de que participava da montagem de dossiês para atingir o candidato adversário de Dilma, o hoje senador José Serra (PSDB-SP). O escândalo também resultou no afastamento do atual governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), que era um dos coordenadores da campanha. Os dois são amigos e se tornaram, mais tarde, alvos da Acrônimo.

A delação premiada de Danielle, que aguarda homologação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), deve ser levada em conta no relatório final da Acrônimo, que está em fase avançada. A Polícia Federal pretende interrogar os investigados, entre eles Pimentel, para depois indiciá-los. Os investigadores sustentam haver indícios de que o petista cometeu os crimes de corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Nos depoimentos, Danielle confirmou também ter recebido R$ 6,1 milhões da empreiteira Andrade Gutierrez, em 2010, para cobrir despesas da campanha de Dilma. O valor teria sido pago por meio de contrato simulado. Esse trecho, no entanto, por envolver a presidente da República, será investigado perante o Supremo Tribunal Federal.

A Acrônimo também se aprofundou sobre a atuação de Bené na campanha de Pimentel em 2014. A suspeita é de que ele tenta atuado como um “tesoureiro” informal do petista para obter recursos de caixa 2.

Emissário

Num depoimento prestado à Operação Lava Jato, revelado pelo Estado em junho do ano passado, o empresário Gerson Almada, da Engevix, disse ter recebido um emissário de Pimentel em 2013, que se identificou como “Bené” e lhe pediu dinheiro para a campanha do petista no ano seguinte. A defesa do governador afirma desconhecer o fato e sustenta que a única pessoa autorizada a tratar de arrecadação era o tesoureiro oficial da campanha.

O inquérito da Acrônimo, que corre em sigilo no STJ, sustenta que Pimentel recebeu “vantagens indevidas” de empresas que mantinham relações com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), instituição subordinada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que ele comandou de 2011 a 2014.

A investigação diz que Bené pagou despesas de Pimentel e teria atuado como operador do petista na obtenção de propina durante sua gestão como ministro do Desenvolvimento, entre 2011 e 2014, e na de seu sucessor no cargo, Mauro Borges. Duas empresas do empresário receberam recursos de uma montadora de veículos, supostamente em troca de portarias da pasta que lhe asseguravam benefícios fiscais. Pimentel e Borges negam irregularidades.

Defesa

O advogado de Bené, José Luís de Oliveira Lima, afirmou que não tem conhecimento da delação de Danielle, que não é oficial. Ele disse que não comentaria os depoimentos da empresária, pois os autos são sigilosos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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