O administrador Mateus Coutinho de Sá, um dos delatores da OAS, detalhou em depoimento homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) as operações que fez com o doleiro Adir Assad, também delator, por meio da empresa Legend. No depoimento, o executivo disse acreditar que “tais operações sejam relativas às obras do Rodoanel Sul”.

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O delator da OAS foi chamado a depor pela Operação Pedra no Caminho, que investiga desvios no Rodoanel Norte. À Polícia Federal, o executivo contou que “trabalhou no setor de projetos estruturados da OAS, responsável por pagamentos de caixa dois da empresa”.

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“Quando se iniciaram as obras do Rodoanel Norte já havia saído do setor de projetos estruturados da OAS e portanto não tem conhecimento de pagamentos via caixa 2 sobre essa obra”, declarou o delator.

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Mateus Coutinho relatou que trabalhou no departamento de projetos estruturados da empreiteira até o final de 2012, “período em que realizou operações envolvendo o doleiro Adir Assad, por meio da empresa Legend por ele controlada”. “Acredita que tais operações sejam relativas às obras do Rodoanel Sul; que se trata do anexo nº 15 de sua colaboração premiada”, afirmou.

O delator foi preso pela Lava Jato em novembro de 2014 e solto por ordem do Supremo em 2015. O executivo foi condenado pelo juiz federal Sérgio Moro e absolvido pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4).

O doleiro Adir Assad teve a prisão preventiva decretada quatro vezes desde 2015. Ele foi solto por duas vezes, mas novamente levado à prisão por decisão do juiz Sérgio Moro, em agosto de 2016.

Adir Assad foi condenado a 9 anos e 10 meses de prisão por lavagem de dinheiro e associação criminosa. Os investigadores afirmam que a Legend emitia notas frias para produzir dinheiro em espécie.

As obras do Rodoanel Norte e também as do trecho Sul estão envolvidas em duas denúncias da força-tarefa da Lava Jato, em São Paulo. Em julho, o Ministério Público Federal, no âmbito da Pedra no Caminho, acusou 14 investigados por organização criminosa, falsidade ideológica e fraude à licitação na construção do trecho norte do anel viário.

Em 3 de agosto, os procuradores denunciaram 33 investigados por cartel e fraude à licitação nas obras do trecho sul do Rodoanel e em sete grandes obras do Programa de Desenvolvimento do Sistema Viário Metropolitano (avenidas Roberto Marinho, Chucri Zaidan, Cruzeiro do Sul, Sena Madureira, Marginal Tietê e Jacu Pêssego e o córrego Ponte Baixa).

Apontado como chefe do departamento de propinas da OAS, o executivo José Ricardo Nogueira Breghirolli também prestou depoimento e afirmou à Polícia Federal de São Paulo que fez entregas de até R$ 250 mil em dinheiro “vinculado” ao Rodoanel Trecho Norte aos seus superiores na empreiteira. Segundo o delator, a “demanda para entrega da dinheiro em espécie chegava ao declarante à medida em que ocorriam as medições na obra do Rodoanel Norte”.

Outro lado

Quando a suposta fraude à licitação do Rodoanel Sul foi denunciada, a Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa) disse que ela e o Governo do Estado de São Paulo são os “grandes interessados acerca do andamento das investigações”. “Todas as obras realizadas pela Companhia foram licitadas obedecendo-se à legislação em vigor. Se houve conduta ilícita com prejuízo aos cofres públicos, o Estado irá cobrar as devidas responsabilidades, como já agiu em outras ocasiões. A Companhia reforça seu compromisso com a transparência e se mantém, como sempre o faz, à disposição dos órgãos de controle para colaborar com o avanço das investigações.”