Relatos de ao menos 23 dos 77 delatores da Odebrecht servirão para reforçar os inquéritos que apuram a formação de uma organização criminosa por políticos ligados ao PT, PMDB e PP para estruturar o esquema de corrupção revelado pela Lava Jato. Em dez petições encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pede a inclusão de trechos dos depoimentos dos delatores nas investigações de quadrilha. Os pedidos foram atendidos pelo ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo.
Em março de 2015, na primeira “lista de Janot”, a PGR pediu um inquérito para investigar a organização dos políticos. Até então o esquema era restrito à Petrobras. O chamado “quadrilhão” foi fatiado em outubro do ano passado para facilitar as investigações, que agora são divididas por partidos.
Nessa linha de investigação, a PGR suspeita de que houve organização criminosa e comando político com objetivo de obter recursos de propina e caixa dois. Janot pediu a inclusão de diferentes trechos dos depoimentos dos executivos Marcelo Odebrecht, Emílio Odebrecht, Carlos Fadigas, João Nogueira, Antônio Almeida, Cláudio Melo Filho, Fernando Reis, Alexandrino Alencar, Pedro Novis, Márcio Faria,Rogério Araújo, César Ramos Rocha, Antônio Pessoa Couto, Benedicto Júnior, Newton Azevedo Lima, Paul Altit, Henrique Valladares, Paulo Cesena, Rodrigo Melo, João Carlos Nogueira, José de Carvalho Filho, Hilberto Mascarenhas e Luiz Eduardo Soares nas investigações de formação de quadrilha.
“Em que pese não haver menção a autoridades com prerrogativa de foro no Supremo Tribunal Federal, as narrativas interessam à investigação em curso no Inquérito nº 4.325/STF, que apura o crime de organização criminosa por parte dos membros do Partido dos Trabalhadores (PT)”, escreve Janot em uma das peças, por exemplo, ao justificar que o material seja juntado nas investigações em curso no Supremo. As delações da Odebrecht serão incluídas na apuração sobre organização criminosa dos três partidos – PT, PMDB e PP.
A apuração da formação de quadrilha pelos três partidos é considerada uma das linhas de investigação mais importantes abertas pela Lava Jato, na primeira lista de Janot.