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Defesa de Lula vê ‘perseguição política’ de Moro

Advogados e aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmaram nesta quarta-feira, 12, que o juiz Sérgio Moro usou o processo do tríplex de Guarujá (SP) para fazer “perseguição política” ao petista e que a sentença que o condenou a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro é “meramente especulativa” e “despreza as provas de inocência” apresentadas pela defesa.

Para o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula nos processos da Lava Jato, a decisão de Moro de não decretar a prisão imediata do petista é o “reconhecimento da própria fragilidade da fundamentação da sentença”. Segundo ele, as justificativas usadas pelo juiz, como “prudência” e evitar “certos traumas”, por se tratar de um ex-presidente da República, demonstram o teor político da condenação.

“Esperamos que essa sentença, que joga uma página negra na Justiça brasileira, seja revertida nas instâncias superiores a fim de resgatar a presunção de inocência prevista na Constituição”, afirmou Martins, durante coletiva de imprensa ontem, em uma hotel na zona sul de São Paulo.

Segundo o advogado, Moro condenou Lula com base apenas no depoimento prestado pelo ex-presidente da OAS José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, no qual ele afirmou que o triplex foi reformado pela empreiteira para Lula, fato que a defesa nega e acusa o magistrado de não ter apresentado provas.

“É uma sentença meramente especulativa, que despreza as provas de inocência e dá valor a um depoimento prestado pelo senhor Léo Pinheiro na condição de delator informal, sem compromisso de dizer a verdade, e com manifesta intenção de destravar seu processo judicial”, disse Martins, que soube da condenação à tarde durante uma audiência com Moro sobre a ação envolvendo o prédio do Instituto Lula.

Reação

O PT reagiu rápido ainda na quarta-feira e colocou em ação uma estratégia de defesa de Lula que já tinha sido traçada previamente. Assim que foi anunciada a sentença, petistas e aliados foram às ruas e recorreram às redes sociais para classificar a decisão como perseguição política.

Em nota oficial, a senadora Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, afirmou que a decisão de Moro é “eminentemente” política. Segundo ela, a sentença teve como base “exclusivamente a necessidade de o juiz prestar contas à opinião pública”.

Para Gleisi, não há razão para que Lula seja preso. “Qual é o risco que o ex-presidente Lula representa para o Brasil?”, questionou a senadora. “Se quiserem tirar Lula da vida política, sejam decentes e corajosos. Lancem um candidato e disputem nas urnas”, afirmou.

Em discurso no plenário do Senado, o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (RJ), também criticou a decisão. “Estão condenando Lula sem uma prova. O procurador Deltan Dallagnol admite que não tem prova”, disse, complementando que o partido não vai “aceitar calado”.

Os senadores petistas viajaram ontem para São Paulo no fim do dia para prestar solidariedade ao ex-presidente. O senador Jorge Viana (AC) ainda disse que a decisão de Moro foi “uma antecipação de uma cassação de uma candidatura que nem foi formalizada”.

Prevendo que esse seria o desfecho na primeira instância, Lula intensificou nas últimas semanas sua agenda de pré-candidato ao Palácio do Planalto em 2018 e concedeu diversas entrevistas para veículos do Nordeste, sendo que todas elas foram transmitidas ao vivo na página do Facebook do ex-presidente.

A partir de agora, a pré-campanha será convertida em um movimento de solidariedade ao petista. “Tem de haver reação popular nas ruas e nas redes sociais contra essa decisão absurda desse juiz Sérgio Moro. Uma condenação sem prova deve ser questionada e denunciada”, escreveu em nota oficial o líder da Central de Movimentos Populares, Raimundo Bonfim.

Ele e outras lideranças, como Guilherme Boulos, do MTST, estiveram à frente de uma manifestação que reuniu centenas de pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo. Presente ao ato, o presidente estadual do PT, Luiz Marinho, disse “estranhar o cronômetro usado pelo juiz Sérgio Moro”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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