Escândalo na capital

Defesa de João Cláudio Derosso põe blog com explicações no ar

Na quinta-feira, circulou pelas redações de Curitiba uma nota sem assinatura, mas disparado do email da jornalista Cláudia Queiroz Guedes, anunciando uma reviravolta no Caso Derosso e apresentando todas as explicações do acusado de beneficiar a mulher em contratos de publicidade assinados pela Câmara. Hoje, os jornalistas foram informados que está no ar um “blog do Derosso” que apresentará toda a defesa do vereador que, orientado por seus advogados, está a mais de um mês sem falar com a imprensa. http://joaoclaudioderosso.blogspot.com

No blog, além da versão de Derosso sobre todos os passos da investigação, aparece, também uma entrevista com o presidente da Câmara sobre o caso. Na entrevista, Derosso não comenta sua relação com Cláudia Queiroz e nem explica como contratou a empresa de uma funcionária da Câmara e assinou aditivos aos contratos mesmo depois de já estar morando com a proprietária da empresa contratada, mas dá a sua versão sobre as denúncias. Como O Estado nunca teve a oportunidade de ouvir Derosso desde que se intensificaram as acusações contra ele, reproduzimos abaixo a entrevista.

1. O que o senhor tem a explicar sobre as irregularidades nos contratos de publicidade na Câmara?
Derosso –
Não há irregularidades, mas suposições e temos esclarecidos todos os itens solicitados. Não há nada a esconder, pois a licitação ocorreu de acordo com a Lei de Licitação 8666. Inclusive para facilitar esses esclarecimentos, sempre abri toda a documentação e deixei toda a equipe da Câmara (jurídico, administrativo etc) à disposição para qualquer levantamento juridico.

2- A população pensa que o senhor embolsou os valores dos contratos. Como o senhor explica?

D- Para que não fique nenhuma dúvida sobre minha situação financeira assinei um termo de quebra de sigilo bancário e fiscal ao Ministério Público (aqui). Foi comprovado que esse valor não veio para mim.

3- Para onde foram os recursos de publicidade?

D – Foram dois contratos. Os contratos eram com as agências Visão Publicidade e Oficina da Notícia. Elas administraram ao longo de 5 anos o valor total de aproximadamente R$ 31 milhões para todo o período. A distribuição de verbas entre as duas empresas foi a de R$ 26 milhões e R$ 5 milhões respectivamente, em função da estrutura das empresas serem diferentes.

Mas é importante que se compreenda sobre esses valores: Primeiro que a população de um modo geral desconhece os valores praticados por serviços de comunicação e muitas vezes se assustam. Basta acompanhar a tabela do Sinapro – Sindicato das Agências de Propaganda do Paraná – para se ter uma noção, além dos valores cobrados pelos veículos de comunicação.

4- Mas como ficou essa distribuição dos valores durante o período e qual foi o lucro de cada empresa?

D – Durante 5 anos a Oficina da Notícia, teve contratode 5 milhões e a Visão Publicidade, de 25 milhões e 900. O líquido para a Oficina da Noticia girava em torno de 10mil e 200 reais ao mês, visto que pela lei é possível se cobrar até 20% para administração do contrato e eles cobravam 12%. O valor do contrato era de 1 milhão e 200 mil por ano, desses, 85 mil reais por mês eram divididos entre os veículos de comunicação e mais para pagamentos de outros serviços de publicidade.

A Visão Publicidade também tinha como taxa administrativa mensal, 12%, sendo que de 5 milhões 180 mil por ano, eram seus, 51 mil e 600 reais mensais.

5- Quem contratou os serviços, o senhor?

D – Não. Esse foi um processo licitatório, de acordo com a lei 8.666, onde foi feita uma análise técnica e de preço. Tudo foi acompanhado pelo jurídico da Câmara Municipal e o presidente da Comissão de Licitação, que era Washington Luis Moreno. Foi composta uma comissão de licitação, que fez, todas as avaliações, solicitações de documentos, verificações e deu seu parecer para que as duas vencessem. Fizeram parte da Comissão de Licitação  da Câmara Municipal de Curitiba, membros do setor jurídico, administrativo, financeiro e de comunicação. 

6- Teve acréscimo de valores na renovação dos contratos?

D – Não. O q,ue houve é que no inicio, os serviços foram contratados para 8 meses, isso em 2006. Na renovação, em 2007,  aumentou para 24. Não é que teve aumento de valores, mas ajuste de valores correspondentes ao tempo de execução dos serviços.

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