Defensores da reforma política tentam salvar projeto

O dinheiro público continua no radar dos deputados. No dia seguinte à derrota no plenário da Câmara do sistema de votação em lista pré-ordenada pelos partidos, deputados buscam uma forma de salvar, pelo menos, o financiamento público de campanhas no projeto de reforma política. Junto com a lista, o financiamento público é considerado o principal pilar do projeto de reforma política. As articulações começaram por um grupo que defendia as listas partidárias nas eleições, ainda em meio a um clima de ressaca pela votação da noite de ontem.

Nessa sessão, os deputados rejeitaram a proposta do relator, Ronaldo Caiado (DEM-GO), que estabelecia o voto em lista fechada sistema no qual o eleitor passaria a votar apenas no partido. Arquivaram também o modelo de lista flexível proposto pelo DEM, pelo PT, pelo PMDB e pelo PCdoB. A lista flexível previa o voto no partido com a opção de o eleitor votar também no candidato de sua preferência.

O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), anunciou a retomada das votações da reforma política na próxima semana por pontos mais consensuais. Antes, porém, vai reunir os líderes na terça-feira para tentar um acordo de procedimento. "Vamos fazer uma nova rodada para ver se há acordo. Poderemos votar alguns temas, como o fim das coligações e a fidelidade partidária", avaliou Chinaglia.

Enquanto isso, o grupo que defende a aprovação do financiamento público de campanha pretende buscar apoio nos próximos quinze dias, com a expectativa de atrair o PSB e o PDT para as negociações. Os dois partidos ficaram contra o sistema de lista pré-ordenada na votação. "Tirando a lista do caminho, o PSB e o PDT abrem outro diálogo da reforma política", afirmou o deputado Henrique Fontana (PT-RS), um dos deputados que trabalharam no texto alternativo de reforma, em contraposição ao de Caiado.

"A reforma política não acabou ontem. Ela começou ontem", afirmou o líder do PDT, Miro Teixeira (RJ), um dos que combateram o sistema de listas. O líder pedetista defende a realização de plebiscito para que a população decida como será o sistema de votação no País. Fontana também abriu um canal de negociação ontem com o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), partido que também se opôs ao sistema de listas.

Uma das propostas em discussão é estabelecer o financiamento público exclusivo para as campanhas para cargos majoritários – presidente da República, governadores, prefeitos e senadores. "Esse ponto é quase consensual", disse Fontana. A proposta, no entanto, vai além. "Vamos estudar um mecanismo de financiamento público para deputados nas campanhas nominais", disse o petista.

Há uma proposta apresentada por meio de emenda ao projeto de reforma pelo deputado Flávio Dino (PCdoB-MA) que prevê o financiamento público com o atual sistema de votação. "Temos de encontrar um mecanismo de controle e de fiscalização do material de campanha, que deverá ficar com os partidos", disse Fontana.

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