A defensora pública Raquel Ayres, da 2ª Vara Criminal de Nova Iguaçu, impetrou habeas corpus pedindo o trancamento das investigações sobre a participação do caseiro Rogério Pires na morte do coronel reformado do Exército Paulo Malhães, em 24 de abril. Também foi pedida a revogação da prisão temporária de Rogério, preso há 22 dias, na Divisão Antissequestro, no Leblon, zona sul do Rio.
Em entrevista nesta quarta-feira, a defensora listou uma série de “irregularidades gritantes”, segundo ela, cometidas pela polícia durante a investigação. Raquel sustenta que Rogério jamais confessou ter participado do assalto ocorrido no sítio do coronel no dia de sua morte. Também argumenta que a Defensoria Pública não foi notificada da prisão de Rogério e que ele prestou depoimento sem estar assistido por qualquer defensor.
“Rogério é primário, tem bons antecedentes, residência fixa e sempre colaborou com a investigação. Não há qualquer suspeita ou desconfiança de que ele fosse se ausentar da comarca”, afirmou a defensora. Raquel Ayres questiona por que a polícia insiste na tese de que Rogério foi o autor do crime quando, na avaliação da defensora, outras hipóteses devem ser investigadas.
Raquel lembrou que, pouco antes de sua morte, Paulo Malhães prestou depoimento à Comissão da Verdade e revelou ter sido o responsável pelo sumiço do corpo do deputado Rubens Paiva, morto nas dependências do DOI (Destacamento de Operações de Informações) em janeiro de 1971.
Segundo Raquel, nos autos do inquérito consta a informação de que militares estiveram no sítio de Malhães no dia 26 de abril. Ela pediu à Justiça para que a polícia dê maiores esclarecimentos sobre quem eram esses militares e o que foram fazer no local do crime.
O defensor do Núcleo dos Sistema Penitenciário Leonardo Meriguetti disse que a polícia também deveria investigar a hipótese de vingança por parte de vizinhos de Malhães.