A Justiça Federal de Paranaguá determinou a conversão de prisão temporária, que termina hoje, para prisão preventiva do ex-superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Daniel Lúcio Oliveira de Souza. Ele é um dos presos na Operação Dallas, deflagrada na semana passada pela Polícia Federal (PF). O juiz Marcos Josegrei da Silva acatou os argumentos dos policiais federais envolvidos na investigação, com base no material apreendido durante a operação.
Souza foi preso na última quarta-feira no Rio de Janeiro e deve ser transferido para Curitiba no início desta semana, segundo a assessoria de imprensa da PF no Paraná. Policiais federais no Rio de Janeiro tentaram colher o depoimento do ex-superintendente, mas ele permaneceu calado. Ele é acusado de fraude em licitações e formação de quadrilha. Além de Souza, foram presas outras nove pessoas na Operação Dallas, entre elas Agileu Carlos Bittencourt, funcionário do Tribunal de Contas do Estado.
Na última sexta-feira, a PF cumpriu um mandado de busca e apreensão em uma mansão no balneário de Atami, em Pontal do Paraná, no litoral do Estado. O imóvel está no nome da empresa Ecoport, que pertence à Souza e que teria sido contratada pela Appa para o desenvolvimento de projetos ambientais na gestão do ex-superintendente.
A Operação Dallas foi deflagrada no último dia 19 para desmantelar uma quadrilha de desvio de cargas destinadas à exportação pelo Porto de Paranaguá. A ação policial foi motivada pela denúncias de exportadores sobre a menor quantidade de cargas embarcadas em navios do que o determinado. A quadrilha teria desviado pelo menos 10 mil toneladas de grãos por ano. Isto rendia US$ 3 milhões a cada safra.
A PF também investiga o envolvimento de alguns presos em contratações de empresas para a dragagem do Canal da Galheta. As investigações apontaram fraudes em licitações para fornecedores e prestadores de serviços, além da compra de uma draga pela Appa. O ex-superintendente preso estaria envolvido somente com as fraudes.
Os detidos podem responder pelos crimes de apropriação indébita, estelionato, falsificação de documentos, falsidade ideológica, corrupção passiva, corrupção ativa, formação de quadrilha, descaminho e fraude em licitação.
Durante a Operação Dallas, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em cidades paranaenses, em Santa Catarina e no Rio de Janeiro. A residência de Eduardo Requião, também ex-superintendente da Appa, também foi alvo de um mandado de busca e apreensão. A operação ainda poderá ter mais desdobramentos. A PF deve intimar Eduardo Requião e Luiz Mussi, suplente de Roberto Requião (PMDB) no Senado Federal, para esclarecimentos. Os dois estariam envolvidos na fraude de licitação da compra da draga pela Appa. Os pedidos de prisão deles foram negados pela Justiça Federal porque não houve caracterização de formação de quadrilha.