Felipe Rosa
Richa reafirma fim do subsídio ao transporte coletivo.

A crise do transporte coletivo tomou conta da política paranaense. A decisão do governador Beto Richa (PSDB) de não renovar o subsídio à rede integrada da região metropolitana colocou fogo nos debates na Assembleia Legislativa e na Câmara de Curitiba. Mas, apesar de muito bate-boca entre vereadores e deputados, ninguém ainda encontrou solução para evitar que o preço da tarifa dispare e fique próximo dos R$ 3.

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A Câmara aprovou ontem dois pedidos de ajuda ao município para contornar a crise. Em moção de apoio ao prefeito Gustavo Fruet (PDT), os vereadores pedem a Richa que reveja a decisão de acabar com o subsídio. Também foi encaminhado à presidente Dilma Rousseff requerimento pedindo ajuda do governo federal, através de subsídio ou isenção dos impostos que incidem sobre o sistema.

Mas foi a declaração do presidente da Assembleia, Valdir Rossoni (PSDB), que fez a temperatura subir. “Vereadores de Curitiba querem subsídio do estado para o transporte coletivo, tenho uma sugestão, faxina nas mordomias e devolvam os recursos”, escreveu o deputado, na rede social Twitter.

A sugestão pegou mal entre os vereadores, que aprovaram pedido de retratação a Rossoni. “Não há mordomia. Não há excessos. Desafio todos a fazerem comparação entre o que recebe um vereador e o quanto ganha um deputado estadual, para ver onde estão as mordomias”, afirmou o presidente da Câmara, Paulo Salamuni (PV).

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Críticas

Também ontem, Richa voltou a dizer que não é responsável pelo preço da tarifa de ônibus na cidade. “Curitiba tem o melhor orçamento per capita do Brasil. A Câmara deveria exigir do prefeito o subsídio. Por que ele não dá o subsídio?”, questionou. O deputado estadual Tadeu Veneri (PT), líder da oposição na Assembleia, criticou a postura do governador. “Essas declarações são preocupantes. Ele tem que lembrar que a Comec (Coordenação da Região Metropolitana, órgão da administração estadual) participa da definição da tarifa com a Urbs. O governo tem participação direta”, ressaltou.

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Pressão pro reajuste

O fim do subsídio do governo estadual à Rede Integrada de Transporte (RIT) foi anunciado por Beto Richa na terça-feira. O aporte, que chegou a R$ 63 milhões em 2012, permitia que o preço da passagem ficasse abaixo da tarifa técnica, que reflete o custo real do sistema, hoje calculada em R$ 3,05. A prefeitura promete anunciar até amanhã o novo valor cobrado dos passageiros.

Além do fim do benefício, outros fatores pressionam o aumento da passagem. Também na terça-feira, a Petrobras anunciou reajuste de 5% no preço do óleo diesel nas refinarias. O item é responsável por cerca de 15% do valor da tarifa.

Salário

A negociação salarial entre motoristas e cobradores e as empresas de ônibus também terá impacto direto nos custos do sistema.Reunião entre as partes terminou sem acordo na terça-feira. Os trabalhadores, que reivindicam reajuste de 30%, devem se reunir em assembleia no início da semana que vem e a greve não está descartada.

Assomec defende a integração

Com o corte do subsídio do transporte coletivo, a passagem dos usuários da Região Metropolitana de Curitiba aumentaria de R$ 2,60 para R$ 4,10, ou seja, 60%. Para o prefeito de Pinhais e presidente da Associação dos Municípios da RMC (Assomec), Luizão Goulart, tirar o benefício é retroagir. “Temos uma conquista da passagem integrada e isso precisa ser mantida. Hoje muita gente de Curitiba trabalha na região metropolitana e gasta seu dinheiro em Curitiba, o que justifica a necessidade da integração. Todos acompanhamos, enquanto o governador era prefeito, o quanto defendia a integração, disse Luizão, em discurso na Câmara de Curitiba.