Ao suspender a liminar do ministro Marco Aurélio Mello, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, afirmou que a decisão tomada pela maioria da Corte, autorizando a prisão em segunda instância, “deve ser prestigiada pela Presidência”.

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Na decisão, Toffoli recordou que o plenário já decidiu três vezes, de 2016 para cá, que a execução provisória da pena é possível. Assim como a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, o presidente do STF destacou que um dos processos julgados pela Corte foi de repercussão geral, ou seja, vale para todos os casos no Brasil.

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Toffoli ainda observou que a decisão de Marco Aurélio contraria o que decidiu o plenário, mesmo que liminarmente, nas ações diretas de constitucionalidade que têm matéria idêntica ao processo pelo qual o colega decidiu individualmente. Ou seja, era uma decisão liminar contrariando algo decidido pela maioria dos 11 ministros.

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“Destaco que velar pela intangibilidade dos julgados do Tribunal Pleno, ainda que pendentes de decisão definitiva, é um dos desdobramentos naturais da competência regimental da Presidência de cumprir e fazer cumprir o regimento”, anotou Toffoli.

O ministro ainda argumentou que sua decisão tem a finalidade de evitar “grave lesão à ordem e à segurança públicas”. “Como bem demonstrou a Procuradoria-Geral da República ao consignar na inicial que a decisão objeto de questionamento ‘terá o efeito de permitir a soltura, talvez irreversível, de milhares de presos com condenação proferida por Tribunal'”, citou o presidente da Corte.

Toffoli acolheu recurso apresentado por Raquel ainda nesta tarde, horas depois de Marco Aurélio tomar a decisão liminar atendendo a um pedido do PCdoB. A chefe da PGR disse a Toffoli que a situação gerada pela liminar de Marco Aurélio era uma “evidente” afronta à segurança pública e a ordem pública.

A suspensão da liminar de Marco Aurélio irá vigorar até que o plenário do STF, composto por 11 ministros, julgue as ações que tratam da execução provisória da pena. A análise desses processos está marcado para o dia 10 de abril de 2019.

Antes da decisão do presidente, ao Broadcast Político, Marco Aurélio disse que não informou previamente Toffoli sobre sua liminar. “Eu tenho de avisar alguém? O que é isso? Vamos respeitar as instituições pátrias, as decisões são autoexplicativas”, disse o ministro à reportagem.

Indagado sobre a tendência do presidente do STF, ministro Dias Toffoli, de derrubar a sua decisão, Marco Aurélio desconversou: “Não sei, vamos aguardar. Que as instituições funcionem.”

Logo após a decisão de Marco Aurélio, dezenas de manifestantes foram à Praça dos Três Poderes protestar contra a decisão do ministro. Um grupo menor de pessoas também foi à frente do STF para pedir a liberdade de Lula.