No dia de abertura da Laad-Defence and Security 2011, oitava edição da maior feira de armamentos da América Latina, no Riocentro, na capital fluminense, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, acenou hoje com uma má notícia para o setor aeronáutico. Em um tumultuado encontro com jornalista após visitar o evento com o presidente em exercício, Michel Temer, ele indicou que o processo de compra de 36 aviões de caça pela Força Aérea Brasileira (FAB), suspenso no começo do ano pela presidente Dilma Rousseff por restrições ao Orçamento, poderá não ser retomado nem concluído em 2011.

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No governo passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a “anunciar” a vitória do Consórcio Rafale, da França, mas deixou a decisão para a sucessora. Também disputam o negócio de US$ 10 bilhões a sueca Saab e a americana Boeing. “A questão não está decidida”, disse Jobim, aparentando desconforto. “Está com a presidente. Vamos esperar um momento melhor em termos orçamentários”.

A referência à necessidade de um “momento melhor” no Orçamento, porém, é uma forte indicação de que o negócio não será fechado este ano. Em março, o governo federal anunciou cortes orçamentários que, segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, seriam definitivos – mesmo que a arrecadação aumentasse, os gastos cortados não seriam retomados, explicou. Desde então, a inflação se acelerou. Embora o fechamento do negócio dos aviões não signifique desembolso imediato – na verdade, demorará ainda pelo menos mais um ano de negociação de detalhes -, o anúncio da compra de caças dificultaria a manutenção, pela presidente, do discurso de austeridade e cortes.

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