O indicativo da executiva nacional do PDT a favor do lançamento do senador Cristovam Buarque à presidência da República provocou apreensão entre pedetistas, tucanos e pefelistas no Paraná que interpretaram a decisão como um golpe quase fatal na candidatura do senador Osmar Dias ao governo do Estado. Osmar disse que o seu partido cometeu um grave erro, que o impedirá de ter o apoio formal do PSDB à sua candidatura ao governo do Estado.
Nessa condição, em que a verticalização impede que um partido com candidato a presidente da República se alie nos estados a outro que não seja aliado nacional, há dúvidas se o senador pedetista irá manter sua pré-candidatura ao governo. Embora a decisão da executiva pedetista de anteontem ainda tenha que ser formalizada em convenção no mês de junho, o senador afirmou que até o final deste mês irá decidir se vai ou não levar adiante a candidatura à sucessão estadual.
O senador disse que estabeleceu esse prazo para possibilitar aos partidos, com os quais está conversando para apoiar a sua candidatura, o tempo necessário para definir seus projetos, caso decida ficar fora da disputa. Osmar afirmou que não se sente responsável pelo fato de PSDB e PFL ainda não terem uma definição de candidatura. "Todos são livres. Eu estou procurando construir o projeto, mas dependo da compreensão da direção nacional do PDT", justificou.
A reunião da executiva nacional do PDT recomendou que as alianças preferenciais nos estados sejam com o PPS. No Paraná, a julgar pelas declarações do presidente estadual do partido, Rubens Bueno, um acordo somente será possível se o PDT apoiar sua pré-candidatura ao governo.
Palanque duplo
Para o presidente estadual do PSDB, Valdir Rossoni, ainda não é a hora de desistir da candidatura de Osmar Dias. Segundo o tucano, Osmar pode ser candidato com o apoio informal dos tucanos e pefelistas, desde que abra seu palanque ao pré-candidato do PSDB a presidente, Geraldo Alckmin. Nesse caso, defendeu Rossoni, Osmar poderia apoiar Cristovam Buarque e Alckmin ao mesmo tempo. Questionado se o palanque duplo não fere a legislação eleitoral, o tucano respondeu que Jaime Lerner apoiou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-governador Leonel Brizola simultaneamente e nada aconteceu à sua candidatura ao governo.
O vice-presidente do PSDB, deputado Hermas Brandão, que sempre foi favorável a um acordo entre tucanos e peemedebistas no estado, disse que a prioridade do partido é a candidatura a presidente e que seus acordos estaduais devem estar subordinados a ela. "Nossa prioridade é o poder central. Acertou lá, está acertado conosco. Não vai ser o Paraná que vai criar dificuldades para uma aliança maior no plano federal", comentou.
Para o vice-presidente estadual do PFL, deputado Durval Amaral, a oposição não pode recuar do lançamento de um nome para disputar com o governador Roberto Requião (PMDB). "Precisamos aguardar a definição dos senadores Alvaro e Osmar Dias. Somente diante da impossibilidade da candidatura dos dois é que analisaremos outra alternativa", afirmou.
Para Amaral, se fracassar o acordo com o PSDB, o PFL pode apoiar o pré-candidato do PPS e se as coligações nacionais impedirem essa opção, o PFL parte para uma candidatura própria ao governo. "Sem adversário o governador não fica", declarou.