Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Fruet: "candidato da instituição".

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O candidato à reeleição para a presidência da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB), distanciou seu discurso do Palácio do Planalto e se afirmou como ?candidato da instituição?, aproximando-se da posição encampada por Gustavo Fruet (PSDB), no debate promovido ontem pelo Jornal Folha de S.Paulo. Num confronto tenso e praticamente sem polarização, Arlindo Chinaglia (PT), Aldo e Fruet discutiram temas como reforma política, voto aberto no Congresso e remuneração parlamentar.  

Até o momento somente Fruet vinha se afirmando como ?candidato da Câmara?, e a aproximação dos discursos dos dois parlamentares pode significar uma possível aliança, num eventual segundo turno. Aldo declarou que não era candidato do governo, nem da oposição, mas que o objetivo era conduzir a Câmara com rigor e disciplina. Para vencer em primeiro turno a eleição da presidência da Câmara no próximo dia primeiro de fevereiro, um dos candidatos precisará de 257 votos, algo que, nem o comunista nem o tucano acreditam que vá ocorrer.

No início do debate, o tucano criticou Aldo pela sua fidelidade ao governo e afirmou que era muito bom ouvir o atual presidente da casa dizer que não era candidato da base aliada. Porém, Fruet disse que o que estava se vendo era dois candidatos disputando para ver qual era mais leal a Lula. Ele também acusou Chinaglia de receber apoio de políticos envolvidos no escândalo do suposto mensalão.

Aldo rebateu Fruet dizendo que ninguém permanece 30 anos em um partido pequeno, como o PCdoB sem pensar em ser independente. E Chinaglia, para justificar os apoios recebidos, reagiu lembrando que não há instituição perfeita.

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O petista aproveitou para questionar Fruet sobre a sua candidatura, que contrariava o princípio da ?proporcionalidade?, que vinha sendo historicamente defendido pelos tucanos. Por esse princípio, a maior bancada indica o presidente da Mesa Executiva da Câmara. Neste ano, como o PMDB abriu mão, a segunda maior bancada – a do PT – deveria ter o direito de indicar o presidente.

Chinaglia perguntou como Fruet colocava o PSDB nessa situação, contrariando o princípio da proporcionalidade e aparecendo como se tivesse mais ética que a própria bancada tucana. Fruet respondeu que se a questão da proporcionalidade fosse predominante, é porque a questão política estaria diminuída.

MPs

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Durante o debate, Fruet avaliou que o anúncio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) mostrou a distorção na edição de medidas provisórias pelo governo. Para ele, seria correto primeiro enviar as medidas para que fossem discutidas pelos congressistas e, somente depois o governo deveria apresentá-las à sociedade. Aldo também criticou o procedimento de MPs, e as considerou ?uma das maiores violências contra o Poder Legislativo?. Já Chinaglia adotou um tom mais moderado, porém, também disse defender mudanças na tramitação das medidas provisórias no Congresso.

Voto Aberto

Depois das absolvições em plenário da maior parte dos parlamentares acusados em esquemas como o suposto mensalão, a questão do voto aberto ganhou força. Segundo Chinaglia, não seria possível aprovar uma alteração na lei que permitisse voto aberto para a eleição de presidente da Câmara, e sugeriu que os deputados declarassem em público qual a candidatura que apóiam.

Aldo disse defender o voto aberto para todas as matérias da Câmara, mas mantém restrições e dúvidas quando o assunto é eleição da mesa e vetos presidenciais, por causa da capacidade de pressão do Executivo sobre sua base. Fruet, porém, afirmou ser favorável à transparência e, portanto, aprova a idéia de voto aberto também para a presidência da Câmara.

Salário Parlamentar

Os três candidatos defenderam que a remuneração dos deputados seja corrigida pela inflação acumulada do período em que não houve aumento. Porém, em dezembro passado, Aldo e Chinagia fizeram parte do grupo que defendeu a correção em 90,7%. A medida equipararia os salários aos ministros do Supremo Tribunal Federal, que é de R$ 24.500. Chinaglia e Aldo lembraram que a decisão do reajuste foi tomada por um grupo de líderes partidários e que à exceção do PT, do PSOL e PV, todos os outros líderes aprovaram a proposta.