Marina Silva não passou para o segundo turno das eleições presidenciais, mas conseguiu fazer aquilo que muitos esperavam de sua candidatura: inscrever a sustentabilidade na agenda política nacional. Pressionados pelos 20 milhões de votos obtidos pela candidata do Partido Verde (PV) no primeiro turno, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) não podem mais se dar ao luxo de ignorar questões ambientais consideradas prioritárias pelo eleitorado “marineiro”, como o combate ao desmatamento e a proteção ao Código Florestal.
O jornal O Estado de S.Paulo enviou aos dois candidatos uma série de perguntas relacionadas a alguns do principais debates ambientais do Brasil. Todas elas, também, abordadas na lista de 42 compromissos essenciais apresentada pelo PV como base para definição de um eventual apoio do partido a uma – ou nenhuma – das candidaturas. A decisão será votada hoje em assembleia do partido.
Um dos temas considerados mais críticos é a reforma do Código Florestal, que estipula regras e limites para a ocupação de áreas de vegetação nativa. Em resposta ao jornal, ambos se disseram contrários à anistia a desmatadores, prevista no relatório de Aldo Rebelo (PC do B), aprovado por uma Comissão Especial da Câmara em julho.
A assessoria da campanha tucana afirmou que Serra considera a anistia “inaceitável”. O candidato tucano se coloca contra a redução das áreas de preservação obrigatória previstas no código e propõe o pagamento por serviços ambientais. Do outro lado, Dilma afirma ser a favor do veto a propostas que reduzam áreas de reserva legal e preservação permanente, embora seja necessário inovar em relação à legislação. “Sou favorável ao veto à anistia para desmatadores”, afirmou a candidata.