O sócio-fundador do Grupo Opportunity, Daniel Dantas, disse nesta quarta-feira (13) na Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara que investiga escutas telefônicas clandestinas (CPI dos Grampos), que o governo federal – e mais especificamente o presidente do Banco do Brasil no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Cassio Kasseb – teria pressionado o Citibank para que este desfizesse sua sociedade com o Fundo Opportunity na Brasil Telecom.
Dantas negou que o Grupo Opportunity tenha contratado a Kroll Associates. Afirmou que a Kroll foi contratada pela Brasil Telecom para descobrir o destino dos US$ 800 milhões que havia pago para adquirir Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT). Segundo ele, o objetivo de investigação pela Kroll era o de esclarecer a suspeita de que parte dos US$ 800 milhões havia sido desviada.
Segundo Dantas, nessa época, a Telecom Itália teria montado um esquema para impedir o sucesso da investigação que estava sendo feita pela Kroll. Ele disse que havia suspeita de que US$ 25 milhões desse total haviam sido gastos no Brasil em pagamento de propinas. Ele afirmou que foi a Telecom Itália (concorrente da Brasil Telecom) que contratou a operação da Kroll para impedir que fosse checada a suspeita de desvio de US$ 25 milhões. “Ficou a suspeita de desvio de conduta, e havia a possibilidade de que esse desvio fosse captado pelas investigações da Kroll”, declarou.
Nessa época, em 2004, a Polícia Federal (PF) realizou a Operação Chacal, que investigou a denúncia de espionagem da Telecom Itália pela Kroll. Segundo Dantas, a operação da PF “criou um enorme constrangimento para várias pessoas”, e a Kroll ficou desacreditada no Brasil. O executivo disse ainda aos deputados da CPI que, depois da Operação Chacal, o agente negociador da Telecom Itália passou a ser o megainvestidor Naji Nahas.