O ex-secretário de Controle Interno da Casa Civil José Aparecido Nunes Pires disse nesta terça-feira (20), em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) Mista dos Cartões Corporativos, que não enviou "de forma consciente" ao assessor legislativo André Eduardo Fernandes o que chamou de planilha de gastos efetuados no governo Fernando Henrique Cardoso. "Não tenho memória ou consciência se anexei o documento em Excel para enviar para o e-mail do André", declarou. Ele disse que tomou conhecimento de que os dados saíram do seu computador somente no dia 6 de maio. Aparecido afirmou que queria enviar apenas um documento em Word que se tratava de uma nota de supervisão ministerial. "Se mandei o documento em Excel foi por engano ou descuido. Foi uma falha humana. Não mandei induzido por qualquer motivação política", explicou.

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Aparecido contou que no dia 6 de maio recebeu um telefonema do jornalista Cleber Praxedes, da TV Globo, informando que "teria uma bomba contra mim" e que gostaria de conversar pessoalmente. O ex-secretário da Casa Civil disse que ao sair da TV Globo pediu aos funcionários que rastreassem todos os e-mails trocados com André Fernandes, lotado no gabinete do senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Para sua surpresa, informou, o rastreamento localizou um e-mail com a planilha de gastos do governo FHC, enviado no dia 20 de fevereiro, às 10h47. De acordo com seu relato, o laudo do ITI (Instituto Nacional de Tecnologia da Informação) comprovou que o documento saiu realmente da sua máquina na Casa Civil.

Ele argumentou que trabalha há 27 anos com informações sigilosas e que não passaria informações secretas deixando registros elementares, como um e-mail. "Seria por pen drive ou por cópias em papel", argumentou. Aparecido disse ainda que no almoço que teve com André Fernandes no dia 20 de março o assessor do Senado contou que havia boatos na imprensa de que Aparecido teria vazado as informações. "O que contestei veementemente", informou.

Aparecido garantiu que não trabalhou na formação do banco de dados na Casa Civil. Segundo ele, o secretário de Planejamento da Casa Civil, Norberto Timóteo, solicitou a ele dois funcionários para participar do grupo responsável pela elaboração do banco de dados. Relatou também que depois de encerrado o trabalho ele solicitou a seus funcionários uma cópia do material elaborado. Ele justificou que fazia parte do trabalho da sua secretaria ter acesso ao banco de dados que, segundo ele, aperfeiçoava uma planilha feita em 2005. Aparecido disse que nunca conversou sobre o banco de dados com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e com a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra.

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Amizade com André

Aparecido Nunes informou que costumava tocar e-mails com Fernandes com textos de auto-ajuda ou sobre futebol. Confirmou que os dois romperam a amizade entre 2003 e 2006 e depois voltaram a ter contatos por meio de amigos comuns. Disse que não tinha conhecimento de que Fernandes trabalhava para o senador Álvaro Dias, da oposição. Em nenhum momento, acrescentou, Fernandes mencionou que teria recebido e-mail com o conteúdo do banco de dados. O ex-secretário disse que não sabia do conteúdo do banco de dados até solicitar a um de seus funcionários, mas sabia que era um assunto de potencial midiático.