Ausente do encontro da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) que reúne 11 dos principais presidenciáveis deste ano, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma carta à organização do evento para suprir a ausência de um “representante” da candidatura do PT no evento. No texto, o petista diz lembrar de sua atuação em favor da entidade durante sua gestão e criticou a intervenção no Rio de Janeiro e o fim da CPMF, que, na sua opinião, teria tirado recursos da saúde.
“Soube que, infelizmente, houve alguns desencontros e não foi possível a apresentação de um representante da candidatura do PT, por isso lhes envio essa carta”, inicia o documento. “Antes de eu ser eleito presidente da República em 2002, a Marcha Nacional de Prefeitos chegou a ser recebida com cachorros e tropa de choque em Brasília por presidentes que só buscavam os prefeitos no período eleitoral. No meu governo criei uma sala permanente de atendimento aos prefeitos no Palácio do Planalto”, continua. “E garanto: nenhum governo atendeu tão bem os prefeitos quando das gestões onde fui presidente.”
O ex-presidente não comentou sobre a situação de sua própria candidatura, mas diz que só um governo eleito conseguirá recuperar a economia. “Boa parte do prolongamento da crise econômica vem da crise política, que impediu ou atrasou em 2015 a implementação de medidas necessárias para ajustes e retomada de crescimento”, disse.
Lula ainda elogia algumas vitrines das gestões petistas, como o programa Mais Médicos, e critica a adoção de medidas a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro e a PEC do Teto dos Gastos, que impediria a transferência de mais recursos para áreas como a saúde. “Qualquer candidato que não enfrentar o problema da PEC do teto dos gastos estará enrolando os prefeitos e a população sobre como dar mais apoio aos municípios no financiamento da saúde pública”, criticou. O líder petista ainda lembrou do fim da CPMF, em 2007, que teria sido vendido como “uma derrota de Lula e do PT”, mas que “foi mesmo foi uma derrota do Brasil, das prefeituras, dos brasileiros, que ficaram sem esses repasses para os crescentes gastos com a saúde.”
Questionado sobre a ausência do PT no evento, o presidente da FNP, Jonas Donizette (PSB), explicou que a federação teve duas declinações, os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Flávio Rocha (PRB), que disseram que não poderiam estar presentes em virtude de outros compromissos. Além disso, a decisão coletiva de não aceitar representantes, mas apenas os candidatos declarados, fez com que o PT não enviasse representante. “O PT nos solicitou que fosse enviada representação. Nós não aceitamos. Quero registrar que o pré-candidato do PT mandou uma carta assinada por ele, que vamos depois passar à imprensa e subir no site”, comentou Donizete, que é prefeito de Campinas.