Curitibano ignora função de parlamentar

A maior parte dos eleitores de Curitiba ignora que papel desempenham os senadores, deputados federais e estaduais. Eles decidem o voto pela personalidade do candidato, não dando importância para sua filiação partidária, e estão insatisfeitos com a atuação de políticos. É o que revela a pesquisa de Perfil Comportamental do Eleitor Curitibano, realizada pelo Instituto de Pesquisas Datacenso, em parceria com a Federação dos Bancários da CUT do Paraná (Fetec-PR).

Ouvindo 400 pessoas em 22 bairros da capital, os organizadores do estudo chegaram à conclusão que, do total de entrevistados, 78% não sabem qual a função desempenhada por um senador, 74% desconhece o papel de um deputado federal e 72% o de um deputado estadual. O presidente da Fetec-PR, Adilson Stuzata, considera que a população curitibana não conhece o papel dos membros do Poder Legislativo por ausência de cultura política. ?Se na capital o índice de desconhecimento é esse, imagine em outras regiões?, afirma.

?Além disso, os debates se concentram nos cargos majoritários de presidente e de governador. Nas eleições proporcionais para deputado não há debates acirrados entre os candidatos, que percorrem o Estado inteiro em busca de votos?, diz. Para ele, os candidatos a deputado que possuem mais recursos são beneficiados. ?Se o voto fosse distrital isso mudaria, pois cada candidato teria de disputar dentro de um distrito contra outros candidatos.?

O diretor executivo do Datacenso, Cláudio Shimoyama, afirma que o desconhecimento da função de membros do legislativo pela população curitibana é muito triste. ?As pessoas votam nos candidatos sem saber se eles possuem competência para assumir o cargo. São os membros do legislativo que vão elaborar os projetos de lei?, diz.

A desinformação da população, afirma Shimoyama, aumenta entre os menos favorecidos. Segundo ele, como não há a consciência da função do político nas esferas de poder, as pessoas decidem o voto com base na aparência e no carisma dos candidatos. ?Votam em cima de um perfil de pessoa aparentemente honesta e qualificada?, diz Shimoyama, que lembra outro dado da pesquisa: 81% dos eleitores não são influenciados por partidos na hora de votar. Segundo ele, quando foi realizada pesquisa semelhante em 2002, o índice de eleitores que não se preocupavam com partido de candidatos era de 62%. ?Cada vez é menor a influência do partido, devido à crise política.?

A conjuntura de crise política, na opinião do presidente da Fetec-PR, é também a responsável pela pesquisa indicar que os entrevistados atribuem a políticos a nota média três, numa escala de zero a dez. ?É uma nota muito ruim, que reflete a insatisfação com a atuação dos políticos?, diz Stuzata.

Embora a nota média para políticos tenha sido três, 15% dos eleitores pesquisados afirmou que gostaria de ingressar na política. Para Shimoyama, esse desejo de ser político reflete a intenção de que se estivessem na vida pública, poderiam contribuir para melhorar as condições de vida da população.

A pesquisa revelou também que 7% dos eleitores não sabem que neste ano haverá eleições gerais e sugere que é importante divulgar quem são os representantes do Estado e que funções eles exercem. ?Pois se observa que a maioria dos eleitores curitibanos não sabe quantos senadores representam o Estado do Paraná no Senado?, conclui a pesquisa. 

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