A decisão do PMDB do Senado de partir para o contra-ataque e retaliar o PSDB com representações no Conselho de Ética contra senadores tucanos pôs a cúpula peemedebista numa saia-justa. Os principais dirigentes do partido, os deputados Michel Temer (SP), licenciado da presidência, e Iris Araújo (GO), no exercício da presidência, resistiam a entrar na guerra desencadeada no Senado entre os dois partidos. Mas depois de ouvir o presidente da Casa, José Sarney (AP), e o líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL), a cúpula deu o aval para que Íris assine as representações contra os tucanos. A primeira delas, contra o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), deverá ser protocolada na semana que vem.
Temer conversou ontem com Sarney sobre a decisão de Renan de retaliar o PSDB, que na terça-feira protocolou três representações contra o presidente da Casa. A princípio, ele e a cúpula do partido resistiram até onde puderam para ficar à margem da crise no Senado. Porém, diante de apelo de Sarney e de Renan, cederam e concordaram com a represália aos tucanos.
Temer conversou com o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), e avisou da decisão do PMDB de levar parlamentares tucanos ao Conselho de Ética do Senado. O envolvimento dos deputados com a briga dos senadores ocorreu porque uma representação só pode ser feita pela direção partidária.
Colegas de Temer na cúpula peemedebista argumentaram que ele não teve como negar o pedido de Sarney, considerado um dos caciques da legenda. Além disso, a negativa da representação iria criar um clima de guerra explícita entre deputados e senadores que integram a Executiva Nacional do partido, como é o caso de Renan. Os dois lados já vivem às turras por causa da disputa de espaço nos ministérios e estatais do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Representações
Além de Virgílio – que confessou ter empregado funcionário fantasma em seu gabinete e usado 3,3 mil do ex-diretor do Senado Agaciel Maia, em 2005, quando estava em viagem a Paris com a família -, o PMDB também estaria disposto a protocolar representação contra Tasso Jereissati (PSDB-CE), que admitiu ter usado o dinheiro de sua cota de passagens aéreas para fretar um jatinho. Na época da denúncia, o senador Mário Couto (PSDB-PA) também confessou ter feito o mesmo.