Se dizendo “indignado, muito indignado” com o que chamou de “orquestração política” para derrotá-lo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou haver no Palácio do Planalto “um bando de aloprados” que, segundo ele, “vive de criar constrangimentos”.

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“O governo faz tudo para me derrotar”, afirmou Cunha em quase uma hora de entrevista na manhã desta sexta-feira, 17,. “O governo sempre me viu como uma pedra no sapato. O governo não me queria, nunca me quis e não me quer como presidente da Câmara. O governo não me engole”, disse o presidente da Câmara.

Cunha se disse vítima de perseguição do governo em conjunto com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. “A Procuradoria-Geral da República (PGR) escolheu a mim porque mais de um delator me citou”, afirmou, reiterando a acusação de que Janot pressionou o lobista Julio Camargo a mudar seu depoimento. Na quinta-feira, 16, Camargo disse que Cunha pediu propina de US$ 5 milhões. A PGR se manifestou em nota na quinta dizendo não ter ingerência sobre os depoimentos à Justiça Federal.

O presidente da Câmara disse lhe causar estranheza o fato de a presidente Dilma Rousseff, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o senador Delcídio Amaral (PT-MS) também serem citados por delatores e não serem objeto de inquéritos. “Seletivamente, estão pegando as coisas do senhor Youssef (o doleiro Alberto Youssef) e colocando preferência”, disse. “Se fosse dar valor à declaração do Youssef, tinha que ter aberto inquérito contra a presidente Dilma, contra o ministro Mercadante”. Segundo Cunha, “falta gente naquela cadeia ainda”.

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Cunha ainda não foi denunciado pela PGR, mas disse preferir que isso aconteça logo. Para o peemedebista, Janot “está a serviço do governo”. Cunha apresentou documentos que, segundo ele, mostram que o governo está atuando no desarquivamento de inquéritos contra ele e promovendo uma “devassa fiscal” em sua vida. “Há aí um ânimo persecutório”, afirmou. “É um constrangimento a um chefe de Poder.”

“A partir de hoje, me considero com rompimento pessoal com o governo”, disse. “Essa lama, eu não vou aceitar estar junto dela”, disse Cunha. Ele disse que não conduzirá a presidência da Câmara como palanque, mas admitiu, por exemplo, que autorizará a instalação de CPIs que desgastam o governo, como a do BNDES e a dos fundos de pensão.

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Embora negue, Cunha deve promover a convocação de ministros petistas à CPI da Petrobras. Ele negou, porém, estar fazendo uma declaração de guerra ao governo. “Não faço declaração de guerra a ninguém”.