Em meio a moções de apoio e gritos de “Fora Dilma” e “olê,olê, vamos prender essa quadrilha do PT”, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) reafirmou, em evento nesta sexta-feira, 21, com apoiadores da Força Sindical, na capital paulista, sua inocência das acusações de envolvimento no escândalo de corrupção na Petrobras e disse que não pretende renunciar à presidência da Câmara dos Deputados. “Além de eu ser absolutamente inocente, não há uma única prova contra mim em todas as páginas da denúncia”, disse.
Denunciado ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o peemedebista reafirmou as argumentações da nota divulgada nesta quinta-feira, 20. Classificou de “muito estranho” o fato de a denúncia começar por ele e de ter ocorrido no dia de manifestações pró-governo pelo País. “É estranho (…) que essa lama tem que ir pro colo de quem não participou (da corrupção), nós não vamos admitir isso”, afirmou. O peemedebista destacou que em 2003 foi denunciado e virou réu no STF e foi absolvido. “Continuo andando de cabeça erguida.”
No discurso realizado no evento da Força Sindical, Cunha disse que “renúncia” não faz parte de seu vocabulário e nem fará. “Não há a menor possibilidade de eu não terminar meu mandato à frente da Câmara. Renúncia é um ato unilateral.” Ele também disse que não vai retaliar quem quer que seja e que não é do time “Fora Dilma”, nem do time de “dentro”, de apoio ao governo. “Não vou retaliar quem quer que seja, tampouco vou abrir mão dos meus direitos e deveres.”
Apesar disso, Cunha disse que o governo Dilma perde popularidade por não ter credibilidade com os trabalhadores. Ele defendeu que o governo petista assuma erros e mude de postura com a população e com o Congresso.
No auditório em que ocorreu o evento, alguns cartazes faziam menção a conquistas pró-trabalhador ocorridas em matérias colocadas em votação na Câmara dos Deputados, na gestão de Cunha na Presidência da Casa, como o fim do fator previdenciário, o aumento para aposentados, a PEC das domésticas e a correção do FGTS, entre outros. “Esses projetos não foram aprovados por mim, sou apenas o presidente. A Câmara aprovou por maioria e é assim que tem que ser”, disse. E destacou a “independência” proporcionada à Casa com uma maioria agora “exercida e não controlada” pelo Executivo.
Solidariedade
O deputado Paulinho da Força, presidente do Solidariedade e um dos principais líderes da entidade sindical que organiza o evento, falou antes de Cunha. “Você é a pessoa mais correta que eu já encontrei na vida”, disse ao presidente da Câmara. “Você tem coragem de enfrentar os poderosos”, prosseguiu. Paulinho também exaltou Cunha como a liderança brasileira que mais pode fazer pelos trabalhadores, em contraposição aos vetos presidenciais. “Tenho certeza que, com sua liderança, vamos derrubar os vetos”, disse em referência a propostas vetadas por Dilma Rousseff, como atrelar o reajuste de aposentadorias à correção do salário mínimo.
Em seu discurso, Paulinho disse que o País passa por uma das piores crises de sua história e falou do afastamento de Dilma como solução. “Se no ano que vem a gente tirar a Dilma e conseguir ter um presidente com uma grande coalizão, vamos crescer 3% e voltar à estaca zero”, disse após prever que o PIB brasileiro vai cair 3% neste ano.
O parlamentar disse também que o Planalto tenta jogar a responsabilidade da crise no Congresso Nacional, mas que a oposição não vai permitir isso. “A oposição vai devolver, essa semana, a crise para dentro do Palácio do Planalto, onde sempre esteve. A crise é do PT, da Dilma e do Lula, eles que assumam sua responsabilidade.” “Quem assaltou a Petrobras foi a Dilma, o PT e o Lula”, completou, em solidariedade a Cunha, mas sem citar a denúncia do procurador-geral Rodrigo Janot.
Apoio
Antes de sua fala, Cunha foi exaltado por outras pessoas que compunham a mesa no auditório. Foi chamado de “grande herói” e teve sua “coragem” e “credibilidade” destacadas pelo deputado estadual do PSDB, Antonio Ramalho, o Ramalho da Construção. O deputado tucano falou em “limpar a corrupção” que assola o País, mas evitando qualquer relação com o presidente da Câmara, denunciado ontem ao STF.