Um dia após a presidente Dilma Rousseff (PT) ser reeleita, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), considerou que o PT não poderá ocupar o comando do Congresso na próxima legislatura. Nesta eleição, o PT conquistou a maior bancada da Câmara com 70 deputados, quatro a mais do que o PMDB, segundo no ranking. As duas legendas fizeram um acordo em 2010, pelo qual ficou acertado um rodízio entre os dois partidos na presidência da Câmara. Em entrevista ao Broadcast Ao Vivo, Eduardo Cunha falou sobre o próximo mandato que se iniciará a partir de fevereiro de 2015, tendo na pauta a disputa pelos principais cargos da Mesa Diretora da Câmara, entre eles, a presidência.
“Se a gente teve uma eleição acirrada e se a gente quer buscar uma conciliação, não tem sentido você defender que o partido que ganhou a eleição fique também com o comando do Congresso porque seria uma hegemonização do poder na mão no PT”, afirmou. “Acho que a Casa não aceitará isso. Acho até que, para quem quer buscar conciliação, não é de bom alvitre a gente manter uma concentração num único partido de tanto poder”, acrescentou o deputado ao citar o primeiro discurso da presidente Dilma após ser reeleita.
Segundo ele, outro tema que estará na ordem do dia, logo no início do próximo mandato, é a reinstalação da CPI da Petrobras que, na avaliação dele, deve ser encerrada em dezembro, sem trazer nenhum resultado. O deputado considerou, no entanto, que a iniciativa não deve gerar atritos com o PT. “É inevitável uma nova CPI da Petrobras. Certamente, no início da próxima legislatura provavelmente, essa CPI continuará de outra forma”.
O parlamentar também analisou o impacto que a divulgação da delação feita pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa poderá ter no próximo ano. “Não sei se vai comprometer a governabilidade, mas certamente vai tumultuar o processo do parlamento”.
Para o líder do PMDB, a legenda também deverá buscar se unir a outras na Casa para formar uma bancada, com objetivo de conquistar espaços estratégicos como presidência de comissões e relatorias. “Os blocos vão se formar, se não ficará absolutamente ingovernável o processo legislativo”, ressaltou.
Ao falar sobre atuação desse bloco, o peemedebista recorreu a um tom “pacificador”, nesse primeiro momento. “Queremos ser ouvidos pelo governo para ter influência no que vai acontecer. Nossa tendência é tentar curar um pouco as cicatrizes, distensionar um pouco o processo”. A reprise da entrevista está disponível em seu terminal broadcast+ na Broadcast TV e no Broadcast Político na seção mais vídeos.