O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), divulgou nota na tarde desta quinta-feira, 30, para negar ingerência sobre a CPI da Petrobras, comandada por seu aliado, Hugo Motta (PMDB-PB). “Não participei, não participo nem participarei de qualquer decisão sobre investigações da CPI, que tem a sua autonomia”, afirmou o parlamentar.

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Cunha contesta reportagem publicada hoje pelo jornal O Estado de S. Paulo

que revela que a cúpula da CPI solicitou à empresa de espionagem Kroll prioridade à investigação de quatro pessoas, entre as quais, o lobista Julio Camargo. Em delação premiada feita no Paraná, Camargo acusou Cunha de pedir propina de US$ 5 milhões no esquema de corrupção envolvendo a estatal.

Na nota de três parágrafos, o presidente da Câmara diz que a direção da Casa trata apenas da contratação da empresa, mas que a comissão é autônoma. “A participação da direção da Câmara, por meio da Diretoria Geral, trata somente da contratação administrativa requerida pela CPI, nos termos de sua autonomia”, diz o comunicado. “Rechaço com veemência as insinuações da reportagem, que beira a má-fé, tentando me colocar como autor de constrangimentos, o que, definitivamente, não posso concordar”, disse Cunha. Segundo ele, a informação “beira a má-fé” e por colocá-lo “como autor de constrangimentos”.

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Segundo fontes ouvidas pelo jornal, Julio Camargo já constava da lista de 12 investigados elaborada pela cúpula da CPI. Há cerca de um mês, os parlamentares que comandam a comissão solicitaram que fossem priorizados cinco investigados, dentre os quais, Camargo. Dias depois, a lista de prioridades foi reduzida para quatro nomes. Camargo manteve-se na lista. A reportagem não teve acesso aos demais nomes da lista.

A Kroll deve entregar as informações sobre os alvos prioritários até o final de agosto.

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Presidente da CPI

Nesta tarde, o presidente da CPI da Petrobras, Hugo Motta, afirmou em seu perfil no Facebook que Eduardo Cunha não interfere na escolha dos investigados e negou que a investigação esteja sendo usada para retaliar Júlio Camargo. “Os critérios para escolha dos nomes investigados não possuem ligação alguma com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e foram postos em prática ainda no início dos trabalhos da empresa. Portanto, não condiz com a verdade as ilações de que a CPI está sendo usada para retaliar o senhor Júlio Camargo ou qualquer outro envolvido neste escândalo”, disse Motta.

O deputado disse que os trabalhos da Kroll foram elaborados com base nas “investigações em andamento”. “Os nomes que compõem a lista de investigados estão sob sigilo e são de pessoas que têm relação direta com os atos de corrupção que assolaram a nossa estatal”, afirmou em nota.

Okamotto

O presidente da CPI negou que a comissão articule a convocação do diretor-presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, na primeira quinzena de agosto. A reportagem informa ainda que os parlamentares querem aprovar o requerimento de convocação e trazer à CPI até o início de setembro o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

“Não existe nenhuma articulação para convocar ou proteger qualquer ministro de Estado. Estamos dando tratamento igualitário aos requerimentos que estão na pauta, e a decisão da maioria do plenário da CPI continuará sendo respeitada”, disse Hugo Motta.

Por fim, o deputado disse que o trabalho da CPI é acompanhado “de perto” pela imprensa, “não se fazendo necessária qualquer especulação”. (Daniel Carvalho – daniel.carvalho@estadao.com)