O novo líder do governo na Câmara dos Deputados, André Moura (PSC-SE), afirmou que o presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não terá “influência nenhuma” em sua atuação no comando da Câmara. Um dos principais aliados do peemedebista, Moura destacou, contudo, que Cunha teve um papel “importante” na condução do impeachment da presidente Dilma Rousseff e que ele foi “corajoso” por ter deflagrado o processo de impedimento. O deputado contou que esteve com Cunha na última semana, mas voltou a dizer que o presidente afastado não articulou sua indicação e que ele é apenas “líder do governo Michel Temer”.

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Apesar de interlocutores de Cunha afirmarem que ele atuou diretamente pela nomeação, Moura considerou que a decisão de Temer se baseou no apoio que possui de outros parlamentares. Nesta quarta, diversos parlamentares do chamado “centrão” (PMDB, PR, PHS, PSL, PP, SD, PSD, PTB, PTN, PEN, PRB, PSC e Pros) levaram o nome de Moura ao presidente em exercício.

“Quanto à influência de Cunha na minha liderança, quero dizer que estou aqui nessa Casa há seis anos e durante esse período construí um bom relacionamento com várias pessoas. O trabalho que fizemos durante o impeachment foi fundamental para obter os votos necessários para a aprovação do processo na Câmara, isso permitiu que eu tivesse o apoio de 13 partidos”, defendeu.

Sobre possuir resistência de alguns membros da base aliada, como DEM e PPS, devido à sua proximidade com Cunha, ele disse desconhecer os comentários. “Não tenho conhecimento disso, conversei hoje com líderes do PSDB, PP, PSD e PP, mas ainda farei uma visita a todas as lideranças que compõem a base do governo. Não vi retaliação, mas é natural que isso aconteça com tantas legendas, pois algumas defendiam outros nomes, mas o importante é que somos uma só base.”

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Moura disse que recebeu o convite de Michel Temer para assumir o cargo na noite de terça-feira, 17, no Palácio do Planalto. Também estavam presentes os líderes do PSD, Rogério Rosso (DF), do PTB, Jovair Arantes (GO), do PP, Aguinaldo Ribeiro (PB), e o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

Desde cedo, Moura já está atuando na Casa para auxiliar a gestão provisória a destravar a pauta. Segundo o parlamentar, há um acordo para votar nesta quarta duas das quatro medidas provisórias pendentes: a MP 706/15, que define ações de combate ao mosquito transmissor do zika vírus e da dengue; e a MP 712/15, que aumenta o prazo para distribuidoras de energia assinarem aditivo de contrato com o Ministério de Minas e Energia para prorrogar a concessão do serviço.

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O objetivo do governo agora é ter a pauta “livre” para novas propostas a partir da próxima segunda, 23. “Minha missão aqui é trazer matérias que possam permitir que o País volte a encontrar o caminho do crescimento”, afirmou. Para ele, independentemente da posição dos partidos, é preciso apreciar os projetos logo.

Maranhão

Moura também comentou o impasse da permanência de Waldir Maranhão (PP-MA) na presidência da Câmara, que tem sido motivo de instabilidade na base aliada e pode dificultar as votações. “Houve uma tentativa de solucionar, de buscar uma solução na semana passada, não do governo, mas de vários partidos, e não foi possível”, afirmou. “Maranhão não deixou dúvidas de que não aceita renunciar ou se afastar, então temos que trabalhar com o que é possível, e isso é ajudá-lo a conduzir o plenário, assim como o ajudamos hoje a conduzir a reunião do colégio de líderes. O Parlamento precisa dar uma resposta positiva à sociedade”, complementou.

Questionado sobre a votação da CPMF, que gerou mal-estar entre aliados, Moura respondeu apenas que ainda não discutiu o assunto com Temer.