O entusiasmo do prefeito João Doria com a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a 9 anos e 6 meses de prisão no caso do triplex do Guarujá (SP) destoou do restante do partido e causou mal-estar no PSDB.

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Vice-presidente nacional do partido, o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman criticou a reação do colega. “A condenação (do Lula) nos parece correta, mas nenhum dirigente partidário se regozijou com isso. Há respeito pela história dele. Isso nos entristece. Só o João Doria se regozijou. Esse é um papel de alguém que precisa de forma obsessiva estar nas manchetes. Parece um papagaio falando”, disse Goldman.

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Enquanto o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador Geraldo Alckmin, e os senadores José Serra e Aécio Neves optaram por não comentar a decisão de Moro, Doria publicou um vídeo nas redes sociais logo após a divulgação da sentença no qual afirmou que a “justiça foi feita”.

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A reação de Goldman não foi isolada. Em caráter reservado, os tucanos reconhecem que não foi só por respeito a Lula que os caciques do partido se calaram, mas também por constrangimento. A avaliação na cúpula partidária é de que Doria tentou se diferenciar de Serra e Aécio, que são investigados e até de seu padrinho político, Alckmin, que é citado na Lava Jato. Nenhum deles quis comentar a sentença.

O prefeito teria usado o episódio para se cacifar como candidato ao Palácio Planalto e se colocar como o mais antipetista dos tucanos. Na manhã de ontem ele subiu ainda mais o tom ao publicar um vídeo sobre Lula no qual falou em “serenidade da frieza de um mentiroso”.

Doria mandou um “recado” aos petistas: “Pensam que podem roubar, mentir, usurpar, enganar o povo brasileiro em qualquer tempo, por qualquer razão, fazendo o que fizeram com o Brasil. Olha aí o que deu”.

Porta-voz

Outra crítica feita pelo ex-governador é que Doria fala em nome do partido sem estar credenciado para isso. “Ele fala em nome da Executiva, do presidente, do FHC, do Geraldo (Alckmin). Fala em nome de meio mundo. Falou de uma convenção em agosto que não está marcada. Fala como se fosse porta-voz de todos, mas não é.”

Em resposta a Goldman, o prefeito de São Paulo afirmou: “Falo pelos que, como eu, querem que a justiça seja feita e os que roubaram e corromperam sejam punidos. Se Goldman quer algo diferente disto, lamento”, disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.