Crise vai refletir nas eleições de 2006

Os reflexos da crise política vivida pelo governo federal com a CPI Mista dos Correios foi um dos temas abordados pelos senadores Osmar Dias (PDT), Álvaro Dias (PSDB) e Flávio Arns (PT) no encontro comemorativo aos 61 anos do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon/PR), realizado ontem. Para eles, a instalação da investigação e seus resultados terão impacto decisivo nas eleições do ano que vem.

Flávio Arns enfatizou que as investigações sobre as denúncias de corrupção, que surgiram nas últimas semanas, devem ser realizadas. "Passou a época em que o Brasil não investigava nada. Mas isso tem que ser feito com mecanismos institucionais, como Ministério Público Federal, Polícia Federal, entre outros. A CPI precisa ter fatos determinantes e importantes. O problema da CPI dos Correios é que era para investigar tudo (outras empresas e órgãos federais) sem a existência de fatos determinados, mas os Correios precisam ser investigados", afirmou, antes de tomar conhecimento das denúncias do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, sobre a mesada de R$ 30 mil para deputados da base aliada supostamente paga pela tesouraria do PT.

Álvaro Dias entende que a CPI pode ser tanto palanque do governo quanto da oposição para as próximas eleições, e Osmar teme que a crise política desencadeada pelas denúncias de corrupção interfiram na área econômica. Ele disse que a CPI dos Correios será decisiva na escolha de candidatos em 2006: "A não realização da investigação pode fazer pensar que o envolvimento do governo é real. A investigação deve ser permitida e os responsáveis necessitam ser punidos. Não tem porque o governo querer boicotar a CPI, pois é o mais desgastado neste processo. O governo faz a CPI e pode mostrar que não tem nada a ver. Se impedir, fica a dúvida e, na dúvida, a população prefere outra opção", opinou.

Reformas

Embora concordasse com os colegas ao admitir a importância das propostas de reformas em tramitação no Congresso, Álvaro Dias foi crítico em relação à tributária, observando que embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha festejado sua aprovação em tempo recorde, as medidas estão emperradas na Casa: "O Senado alterou e devolveu à Câmara Federal. O governo só deu valor ao que representa aumento da arrecadação. Isso é um prejuízo para o Brasil". De acordo com ele, a atual carga tributária no País é de 41,3% do PIB, contra 36% no final do governo Fernando Henrique Cardoso.

Osmar Dias lembrou que as reformas foram plataforma de dois governos consecutivos. "Fizemos parte da Reforma da Previdência, que se revelou ineficiente e equivocada. O governo cedeu às pressões políticas no Congresso. A Reforma Tributária vem sendo discutida há vários anos. A votação é feita por partes, o que gera mais confusão. Deveria ser para simplificar o sistema tributário, mas está fugindo do objetivo." Para Álvaro Dias, o Brasil desperdiça oportunidades de crescimento em um bom momento da economia mundial: "Na América Latina, o Brasil só não cresce menos que o Paraguai e a Guiana. Houve aumento na carga tributária, mas o incremento da receita não é investido. O governo investe muito mal e não oferece a sua contribuição para o crescimento do País", arremata.

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