A erosão da liquidez do governo do Rio Grande do Sul está subvertendo a supervisão financeira dos governos regionais pela União, na avaliação da Moody’s. “Qualquer resultado relativo à crise de liquidez gaúcha que enfraqueça a capacidade do governo de cumprir a disciplina fiscal seria negativo para o crédito do Estado e pesaria sobre a idoneidade creditícia de todos os governos regionais brasileiros”, escrevem os analistas da agência de classificação de risco.

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No relatório “Brazil’s financial oversight of RLGs undermined by Rio Grande Do Sul crisis”, a Moody’s diz que a liquidez do Rio Grande do Sul erodiu para níveis criticamente baixos em agosto, o que forçou o governo de José Ivo Sartori a parcelar o pagamento dos servidores e a suspender os desembolsos mensais para honrar a dívida com a União. “As autoridades federais, desde então, bloquearam brevemente, e repetidas vezes, as contas do banco do Estado, embora a execução dos pagamentos de dívida seja um contencioso político”, diz o relatório. A grande questão e que mina a credibilidade da supervisão federal é que, mesmo com o acompanhamento da União, as dificuldades financeiras do Rio Grande do Sul não foram prevenidas. Vale destacar que o Estado não tem rating.

“Embora nós vejamos negativamente qualquer forma de alívio da dívida, esperamos que o governo federal explore outras maneiras de ajudar o Estado a acessar receitas maiores ou financiamentos”, escreve o analista da Moody’s Paco Debonnaire.

No relatório, Debonnaire também afirma que o Estado pretende desafiar as condições de pagamento de sua dívida federal no Supremo Tribunal Federal (STF), o que, se confirmado, estabeleceria um precedente de crédito negativo a ser seguido por outros Estados. “Ao longo da última década, o perfil de crédito do Rio Grande do Sul foi consistentemente mais fraco que o de qualquer outro governo regional brasileiro”, disse Debonnaire.

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Entre 2002 e 2013, os Estados brasileiros reduziram significativamente suas dívidas combinadas, o que fez com que a relação dívida líquida combinada sobre receitas correntes líquidas caísse para 100%, de 190%. No mesmo período, o Rio Grande do Sul conseguiu reduzir sua relação dívida sobre receita corrente líquida para apenas 210%, de um pico de 280% em 2004.

O relatório observa que, ao longo dos anos, os governos gaúchos falharam para implementar reformas para tornar mais flexíveis sua base de custos. O resultado disso foi a dependência de ganhos extraordinários para cobrir déficits orçamentários, segundo a Moody’s.

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“O Rio Grande do Sul também foi prejudicado pela piora das condições econômicas e rápida desvalorização do real, que reverteram o progresso feito anteriormente na redução do endividamento”, afirma Debonnaire.