Crise desgasta imagem e preocupa classe política

A sucessão de denúncias sobre corrupção e as acusações genéricas feitas pelo presidente nacional do PTB, deputado Roberto Jefferson, sobre compra de votos, deixaram angustiados os deputados paranaenses. Vários deles disseram ontem que, injustamente, todos acabam pagando pelos erros e deslizes de alguns.

O deputado Ricardo Barros, que por estar filiado ao PP também foi atingido pelas declarações de Jefferson, disse que jamais poderia ser confundido com os parlamentares acusados de receber o "mensalão" para votar de acordo com os interesses do governo. "Eu sou um deputado de oposição. O Brasil inteiro sabe disso. Não posso aparecer misturado a deputados que votam com o governo. Quem não vota com o governo, certamente não recebe o mensalão", afirmou o deputado.

Barros ficou indignado com a inclusão do seu nome entre os suspeitos de receber a mesada do governo, com base nas listas de deputados filiados ao PP e PL divulgadas pelos meios de comunicação. "Não se pode misturar quem é base e quem não é base do governo. O Roberto Jefferson estava se referindo a deputados da base", disse o deputado do PP, informando que assinou o pedido de CPI dos Correios e que ontem participou da reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), sobre a composição da CPI.

Entre os deputados estaduais, também houve protestos em relação à forma como as denúncias atingem indistintamente a imagem do parlamento e seus integrantes. "O povo brasileiro já é descrente da classe política. Quando a população começa a ver esta história de Rondônia e agora esse caso de Brasília, todos somos prejudicados", afirmou o deputado Marcos Isfer (PPS).

Para Isfer, está na hora de o Congresso votar a reforma política e partidária. "Todo governo passa pela mesma coisa. Se não tem base ideológica, e isso é difícil na situação partidária atual, vai ter que buscar os mercenários. É assim que funciona. Quem não tem exército, vai para a guerra com dinheiro. E não há governo que controle a ação dos mercenários", analisou o deputado do PPS, lembrando que num cenário partidário fragilizado como o do Brasil, onde sequer é exigida a fidelidade partidária, a troca de favores virou prática comum entre Legislativo e Executivo.

O deputado Augustinho Zucchi (PDT) disse que no meio do "rebuliço" nacional, sobrou para todos os parlamentares, que ficam desgastados no imaginário popular. "Muita injustiça se comete neste contexto. Não dá para generalizar dessa forma. Quando se faz uma acusação como essa do presidente do PTB, é preciso apresentar as provas e cassar o mandato de quem estiver nesse esquema. É assim que se depura o parlamento e não acusando todo mundo", afirmou.

O deputado Natálio Stica (PT) acha que o seu partido sairá chamuscado do episódio do mensalão. "O diferencial do PT sempre foi esta questão ética. O risco que corremos é sermos colocados no mesmo nível de todos. O PT não quer o monopólio da ética, mas tem na ética a sua linha mestra", comentou o deputado petista. 

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