O Estado do Paraná começa hoje uma série de matérias sobre as propostas dos candidatos ao governo do Paraná nas eleições 6 de outubro para seis áreas consideradas prioritárias: emprego, segurança, saúde, educação, agricultura e cultura. A cada domingo, serão publicadas as propostas dos candidatos para uma área específica. Os candidatos convidados a mostrar seus projetos são os seis primeiros colocados nas pesquisas de intenções de voto, divulgadas até o momento.
O combate ao desemprego é o tema desta primeira reportagem. A criação de empregos foi apontada como prioridade de governo pelos seis candidatos: Alvaro Dias (PDT), Roberto Requião (PMDB), Padre Roque Zimmerman (PT), Beto Richa (PSDB), Rubens Bueno (PPS) e Giovani Gionédis (PSC).
O senador Alvaro Dias tem uma meta ambiciosa. O pedetista promete a criação de 520.000 novos empregos no estado em quatro anos. Para isso, Álvaro diz que investirá cerca de R$ 3,8 bilhões em políticas de geração de emprego. Álvaro afirma que seu projeto tem como base a retomada dos investimentos públicos em várias áreas.
O senador Roberto Requião pretende direcionar suas primeiras ações de governo para atacar um problema que considera emergencial, representado por 21% da população paranaense que, conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), vivem abaixo da linha de pobreza. Segundo Requião, são mais de 20 milhões de paranaenses que vivem com menos de R$ 80 ao mês. A primeira proposta do senador peemedebista é criar frentes de trabalho. Requião também quer trazer de volta programas que já deram certo durante sua administração, como o “Panela Cheia” e ainda criar a Caixa Econômica Estadual, para financiar a produção na cidade e no campo.
O deputado federal Padre Roque diz que a geração de emprego é “a essência de um modelo de desenvolvimento regionalizado”. Entre as propostas do candidato do PT, estão um programa chamado “Primeiro Emprego” para e estimular a contratação de jovens em experiência profissional e o programa “Recomeço” voltado a criação de emprego e renda para trabalhadores com mais de 40 anos, que estejam há muito tempo sem trabalho.
Beto Richa aposta no que chama de “fomento empresarial” para resolver o problema do desemprego. O candidato tucano apresentou a proposta de criação da Agência do Empreendedor, que seria capitalizado com R$ 830 milhões em caixa para coordenar todas as ações de crédito do governo estadual. “É uma idéia revolucionária, que dará ao Paraná o apoio necessário para crescer e aos paranaenses novas oportunidades de trabalho e de geração de renda”.
Rubens Bueno também enfatiza no seu programa de governo o incentivo aos pequenos e médios produtores rurais e a das micro e pequenas empresas como fonte principal de geração de empregos. O candidato do PPS propõe a criação de uma bolsa rural que seria paga como aluguel de área para famílias que se dedicam plantio da mata ou pomar e que poderiam obter renda com ao venda dos seus produtos.
O ex-secretário da Fazenda, Giovani Gionédis, quer criar 800 mil postos de trabalho nos próximos quatro anos. Gionédis diz que o Paraná precisa de recursos na ordem de R$ 1,1 bilhão ao ano para cumprir esse objetivo. O candidato do PSC diz que esse investimento seria bancado por uma reestruturação administrativa. “Sem um enxugamento da máquina e uma readequação de recursos, os paranaenses correm o risco de ter mais um governo apático e de falsas promessas”, afirmou.
Emprego
O nível de emprego formal no Paraná cresceu 0,62% em março, correspondendo à criação de 8.761 vagas. Com índice superior à média nacional de 0,42%, o Estado passou a ter 1,478 milhão de trabalhadores com carteira assinada, ficando em sexto lugar no ranking dos estados. Os dados foram divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.
Dos novos empregos formais surgidos no terceiro mês do ano, 7.026 novas vagas ficaram com os municípios do interior – o que representou 80% do total. Com incremento de 0,29%, a Região Metropolitana de Curitiba criou 1.735 novos empregos – 20% do total. No primeiro trimestre, o emprego com carteira acumula variação de 1,10% no Estado, que ocupa a décima segunda colocação no ranking nacional – superando a média brasileira de 1,02%. De janeiro a março, foram gerados 15.374 postos de trabalho no Paraná.
Para o economista Cid Cordeiro, o bom desempenho do nível de emprego paranaense no primeiro trimestre se deve às projeções otimistas para a economia brasileira no início do ano, em função da queda nos juros, no preço dos combustíveis e expectativa de recuperação da economia, já que o PIB em 2001 (1,5%) foi muito baixo.
No entanto, os aumentos dos combustíveis a partir de fevereiro reverteram o quadro favorável, passando a ameaçar a meta inflacionária do governo, razão pela qual o BC manteve a taxa de juros. “Esse sinal de preocupação trouxe pessimismo dentro do cenário inicial otimista, influenciado também pela volta da crise argentina e queda na renda das famílias. Com isso, o desemprego começou a subir”, comenta Cordeiro. No Paraná, as vendas industriais caíram 3,24% no primeiro bimestre, enquanto a produção industrial recuou 4,5%.
“Há expectativa de recuperação no segundo semestre, mas não de crescimento de 2,5% do PIB como projetado”, pondera o economista. Na avaliação dele, o crescimento do emprego formal está dissociado da produção industrial e do PIB.
ÁLVARO DIAS
Álvaro quer criar 520 mil empregos
O programa de governo de Àlvaro Dias, candidato da Coligação Vote 12, estabelece a criação de 520 mil novos empregos no Estado em quatro anos..
A proposta está fundamentada em investimentos públicos a serem aplicados em moradia, obras públicas, atração de investidores e incentivo à criação de micros e pequenas empresas.
Nos setores da agricultura, indústria, comércio e serviços serão abertos 150 mil empregos. Com o Banco do Emprego e da Produção, voltado para a criação de 50 mil micros e pequenas empresas, serão implementados 100 mil empregos. Investimentos em transportes e logística possibilitarão a contratação de 75 mil pessoas.
Os programas sociais para as diversas áreas (educação, saúde, segurança, atenção à criança e ao idoso) são também uma fonte de geração de empregos no projeto de Álvaro Dias.
ROBERTO REQUIÃO
Requião defende frentes de trabalho
Desencadear um amplo programa de criação de frentes de trabalho em todos os municípios do Paraná, visando os 20 milhões de paranaenses que vivem com menos de R$ 80 ao mês. Estabelecer convênio com as prefeituras, para criar programas de calçamento, limpeza de terrenos e outros serviços públicos.
Incentivo a setores que podem gerar emprego a curto prazo como a agricultura e a agroindústria.
Retorno dos programas de seu governo anterior, como o “Panela Cheia”; implantação de um programa de preço mínimo para determinadas culturas; criação do fundo de aval em que o governo avaliza empreendimentos agrícolas e urbanos; retorno do programa “Bom Emprego Agroindustrial” em que o governo financia as atividades e a contrapartida é a criação de empregos: criação da Caixa Econômica Estadual, que será o instrumento financeiro de incentivo à produção.
Isenção de impostos para a pequena empresa paranaense, que geram 85% dos empregos.
PADRE ROQUE
Desenvolvimento será regionalizado
Para a Coligação Renova Paraná, a geração de emprego é a essência de um modelo de desenvolvimento regionalizado, centrado na dimensão social. Os principais programas são:
* Programa Primeiro Emprego: este programa do PT estimula a contratação de jovens sem experiência profissional e que estejam estudando. O governo paga o salário do jovem por seis meses, a empresa por mais seis. Portadores de deficiência, em situação de risco social e egressos do sistema penal recebem o auxílio financeiro durante um ano.
* Programa Recomeço: proporciona qualificação, emprego e renda para trabalhadores com mais de 40 anos, em situação de desemprego de longa duração.
* Urbanização Comunitária: proporciona a execução de obras públicas, emprego e renda para a população dos próprios municípios.
* Programa de Apoio ao Emprego e à Micro e Pequena Empresa.
BETO RICHA
Beto propõe Agência do Empreendedor
Criação da Agência do Empreendedor, para abrir novas oportunidades de trabalho e de geração de renda. Além de financiamento, a instituição oferecerá orientação técnica e capacitação para todos que quiserem abrir um novo negócio.
A Agência do Empreendedor, que nasce com R$ 830 milhões em caixa, vai coordenar todas as ações de crédito do governo estadual. A instituição vai incorporar os recursos de fontes como Agência de Fomento (R$ 170 milhões), Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE) (R$ 60 milhões) e de financiamentos nacionais e internacionais já contratados (R$ 600 milhões).
O candidato do PSDB também pretende manter o programa de industrialização iniciado por Jaime Lerner, com mais apoio para a abertura de empresas no interior. Para isso, vai garantir incentivos legais e utilizar a energia gerada pela Copel.
Criação de 4 mil fábricas do agricultor, que geram empregos no campo, e investimentos no ensino profissional.
RUBENS BUENO
Crédito deve ser desburocratizado
A desburocratização do crédito e a oferta de apoio logístico e assistência técnica para a abertura das micros e pequenas empresas.
Programa para as pequenas propriedades rurais de até 5 hectares. Estímulo a floresta e pomares para consumo e para exportação. Objetiva a propriedade ter uma reserva de patrimônio, como poupança, com produto para o mercado consumidor e agroindústria e para consumo da própria propriedade. A família receberá como bolsa rural um valor como 1/3 de um salário mínimo mensal, pelo prazo de alcance da produtividade (em anos), como aluguel da área para o plantio da mata e/ou pomar e, quando forem produtivos, a partir daí auferir renda com a venda dos produtos.
BADEP Social – agência de fomento destinada a promover a capilaridade do crédito e assistência ao micro e pequeno empresário rural e urbano.
Agropólos e Política de Agroindustrialização visando desenvolver política de incentivos para atração de novas iniciativas.
GIOVANI GIONÉDIS
Investimento em infra-estrutura
Retorno dos investimentos em infra-estrutura, saúde, educação, segurança e agropecuária, criando condições para que as empresas regionais voltem a gerar novos postos de trabalho.
Redução de impostos sobre as contas de água, luz e telefone, e da diminuição do ICMS em todos os produtos. Nas regiões mais pobres do Estado, criação de uma política de incentivos para instalação de indústrias de transformação. Criação do micropólo industrial para fomentar o crescimento de uma indústria de transformação, incentivando a integração entre a produção agrícola e industrial.
Modernizar e expandir os portos e aeroportos vai ser uma necessidade.
Retomar os investimentos básicos em infra-estrutura, viabilizado pela implementação da reestruturação administrativa, com o retorno de iniciativas que são responsabilidade do Estado, tais como a manutenção e melhoramento das estradas.