Apesar de a luta pelo fim do financiamento empresarial ser quase consenso no PT, há ainda divergências sobre de que forma a medida seria adotada. Enquanto uma ala do partido defende que a mudança seja feita via reforma política, crescem os que esperam do PT um “gesto concreto” rejeitando, voluntariamente, as contribuições empresariais. Mesmo com a ideia do “gesto concreto” ganhando força em diferentes setores da Executiva Nacional, apenas a ‘Mensagem ao Partido’ cita a proposta em sua tese de preparação para o 5º Congresso.

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“Há um debate colocado no PT para que, mesmo que outros partidos não abram mão, o PT abra mão do financiamento empresarial. Seria um gesto concreto e estamos em debate. Há uma posição bastante simpática a isso dentro do PT”, disse o secretário Nacional de Mobilização, Florisvaldo de Souza, membro da Construindo um Novo Brasil (CNB), maior corrente do partido e que lidera a chapa ‘Partido que Muda o Brasil’ (PMB). Segundo ele, os debates sobre a mudança via reforma política e via medida interna acontecem paralelamente.

As teses das três principais chapas do PT – ‘Partido que Muda o Brasil’, liderada pela CNB; ‘Mensagem ao Partido’, em coligação com a Democracia Socialista; e ‘Partido Para Todos e Na Luta’, liderada pelo Movimento PT – para o 5º Congresso criticam o financiamento empresarial em campanhas do partido. Mas a proposta de o PT, voluntariamente, não aceitar mais a contribuição de empresas só aparece no documento da Mensagem ao Partido. “É preciso inaugurar um novo ciclo de construção do PT baseado em contribuições voluntárias e nos fundos públicos legitimamente constituídos no processo de reforma política e de luta pela proibição do financiamento empresarial”, descreve a tendência.

O documento da PMB sugere que a legenda poderia ter “finanças bem mais sólidas, dispensando contribuições privadas” graças aos seus mais de um milhão de filiados, mas propõe que a mudança aconteça dentro de uma reforma política que acabe com o financiamento de empresas para todos os partidos. “Reforma Política que dê aos partidos e à representação popular a legitimidade de que hoje ela carece pelas muitas distorções que afetam nossas instituições, como o financiamento empresarial.”

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Na reunião da Executiva com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na semana passada em São Paulo, os presidentes dos diretórios estaduais, representantes das três maiores correntes do partido, admitiram que há consenso sobre o fim do financiamento empresarial da sigla. O assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia defendeu que o PT adote a medida, o que constrangeria outras legendas a fazerem o mesmo.

Além do debate interno se o PT deve lutar por uma reforma política que proíba o financiamento empresarial ou implantar a medida por conta própria, outros detalhes ainda precisam ser discutidos. Uma das propostas fala em proibição de doações de empresas ao partido, mas a continuidade de repasses aos candidatos. Assim o partido estaria blindado em casos de irregularidades e a responsabilidade seria repassada ao candidato.

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Uma eventual decisão do PT de não aceitar mais doação empresarial não será acertada antes do Congresso do partido, marcado para junho em Salvador (BA). Por enquanto, existe a intenção das três maiores correntes e alguma resistência interna. O coordenador da CNB, Francisco Rocha da Silva, não considera uma mudança imediata. “A minha posição é a posição da tese, que deve haver o financiamento público de campanha. Não tem essa de o PT tomar a frente”, diz Rochinha. Ele não desconsidera, porém, uma mudança de rumo nas próximas reuniões. “Nada impede que sejam feitas emendas ao texto, mas me baseio nas resoluções do PT”, diz Rochinha.