A eleição para deputado federal deste ano a mais disputada desde a redemocratização. Levantamento feito pelo Estado com base nos registros de candidatos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revela que o número de candidatos, hoje em 6.914, é quase o dobro dos 3.822 que tentaram a vaga em 1990. A relação candidato/vaga, que naquela eleição era de 7,5, será neste ano de 13,4. Neste meio tempo, a peneira para se alcançar uma das 513 cadeiras na Câmara dos Deputados diminuiu em um primeiro instante, na disputa de 1994.

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Mas, desde então, só cresceu e tem ficado cada vez mais disputada a cada pleito. Em 1998, a relação candidato/vaga foi de 6,8. Em 2002, quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou à Presidência pela primeira vez, foi de 9,5. O número seguiu crescendo quatro anos depois (11) e chegou a 11,7 em 2010.

Concorrência

Para lideranças e parlamentares ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, as eleições cada vez mais concorridas são reflexo direto do aumento do número de partidos políticos no Brasil. Hoje, estão registrados 32 partidos. Só nos últimos quatro anos, cinco foram criados. Mas já houve mais: em 1992, eram 34.

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“O número (de candidatos) tem aumentado naturalmente”, afirma o secretário Nacional de Organização do PT, Florisvaldo Souza, que lembra que cada legenda pode lançar nomes na quantidade de até uma vez e meia o total de vagas.

Além disso, o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, deputado Eliseu Padilha (PMDB), aponta que os partidos políticos trabalham sempre para preencher completamente as listas de candidaturas. Mesmo os que não são eleitos ajudam as siglas a se projetar junto ao eleitorado – e a atingir o quociente eleitoral, ou seja, o número de votos necessários para eleger um deputado. “Você cria uma força de trabalho eleitoral e isso fortalece o partido”, diz Padilha.

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“Isso é resultado da proliferação de partidos. Há um número de vagas determinado que os partidos precisam preencher e há muitos candidatos que estão ali apenas para cumprir uma exigência legal”, acrescenta o deputado Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB na Câmara. “Quanto mais candidatos temos, mais fácil fica conseguir se eleger, porque aumenta a chance de termos votos de legenda”, conclui.

Novatos

O ex-líder na Câmara dos governos Dilma Rousseff e Lula, Cândido Vaccarezza (PT-SP), avalia que o fato de haver mais candidatos torna mais difícil a disputa para os novatos, muito mais do que para os “políticos profissionais”.

“Mais candidatos dificultam a eleição para quem é novato no ramo, pois eles têm menos estrutura de campanha, menos visibilidade e menos prática de disputa de uma eleição”, avalia.

Segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), neste ano, dos 513 deputados federais, 398 são candidatos a reeleição (77,58%). É um índice menor do que nos anos anteriores. Em 2010 foram 407 (79,39%) e em 2006, 445 (86,74%).

Dentre todas as unidades da federação, Rio de Janeiro e São Paulo são as que têm competição mais acirrada, com mais de 20 candidatos por vaga neste ano. Juntos, os dois Estados somam 116 dos 513 assentos na Casa legislativa.

Segundo Estado com maior representatividade na Casa, Minas Gerais tem 12,6 candidatos para cada vaga. Já em Tocantins e Pernambuco a briga por um mandato é menos disputada: 6,8 candidatos para cada vaga.

Conta

Os dados utilizados pelo Estado para as eleições de 2014 foram obtidos no TSE e se referem a todos os pedidos protocolados, mesmo critério utilizado para os levantamentos referentes às eleições de 2010, 2006, 2002 e 1998.

Neste ano, as cortes eleitorais têm até 21 de agosto para definir quais as candidaturas protocoladas para o processo eleitoral serão validadas. Para as eleições de 1990 e 1994, foram utilizados os únicos dados disponíveis, referentes a candidaturas já consideradas aptas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.